O sonho de Sá Carneiro tornou-se um pesadelo


Sá Carneiro sonhou com um presidente, um governo e uma maioria sem adivinhar a tragédia que viria a abater-se sobre o país, com o pior presidente do pós 25 de Abril, o governo mais inconsistente e a mais reacionária das maiorias, durante a maior crise internacional das nossas vidas. Tudo o que de mau podia acontecer, aconteceu pior.

A crise global teve reflexos arrasadores sobre a pequena economia aberta do nosso país, circunstância negada demagogicamente, enquanto foram oposição, pelos partidos que sustentam agora o Governo, mas que não explicam os caprichos dos atuais governantes que atropelam a equidade com a mesma ligeireza com que o fazem à Constituição.

O confisco de dois subsídios aos funcionários públicos e aos pensionistas é um exemplo da falta de sensibilidade e da discricionariedade com que escolhem as vítimas, enquanto o nepotismo que tanto criticaram – e bem –, se tornou na imagem de marca do Governo, que não para de arranjar sinecuras aos que constam da lista de prémios dos partidos que o compõem.

O discurso de vitória eleitoral de Cavaco, vingativo e rancoroso, julgando esquecidas as  intrigas das escutas, foi o responsável pelo novo ciclo político que apanhou na liderança do PSD um inexperiente que o partido não teve tempo de substituir.

A situação deteriora-se, tudo é decidido ao contrário das promessas eleitorais, e a culpa de todos os males, atribuída ao anterior Governo, revelou-se o expediente de quem não consegue travar o desemprego que já afeta 800 mil desempregados (13,6%) e atinge 30,8% dos jovens.

Os juros da dívida aumentam, a credibilidade externa diminui, o salário médio ronda os 800 euros, 1,4 milhões de portugueses têm pensões inferiores a 485 euros e o medo e a angústia perseguem os trabalhadores e os pensionistas.

É possível que alguns tenham vivido acima das possibilidades mas ninguém sobrevive abaixo das necessidades.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

Bmonteiro disse…
Caro CE
E até poderia ser assim, num país 'normal'.
Muito portugues-mente, os sacrossantos pais da Constituição, como "todos" os partidos, teimam em não ver o óbvio:
Um governo sombra em Belém, a título e em benefício de quem*?
Que maleitas dos governos, foram até hoje impedidas pelo 1º Magistrado da Nação?
Esta mania de ser diferente e especial, nem peixe nem carne, nem presidencialista (francês) ou parlamentar (italiano), um semi híbrido caro (em Belém), para quê?
* Dele PR e da sua coorte: apoiantes da campanha, sumidades dos pp apoiantes, a duplicidade lusa no seu melhor.

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