Notas soltas: janeiro/2012

Notas Soltas – A ortografia passou a reger-se pelos critérios legais na convicção de que o Acordo Ortográfico facilita a aproximação de culturas e é um instrumento de ajuda à compreensão entre os povos que têm o português como língua comum.

Irão – A demência islâmica continua com a exibir o poderio militar e a provocar a paz. Os adversários, entre a espada e a parede, podem fugir da parede.

Madrid – A mulher de Aznar, ligada ao Opus Dei, lidera o município de Madrid. A conquista de lugares cimeiros por figuras próximas do franquismo e da Igreja, por mais que fragilize Rajoy, já levou o clero a exigir alterações às leis da família.

Madeira – A inconsciência e arrogância do líder vitalício converteu a Região Autónoma num caso de polícia, rodeada de calotes por todos os lados e ferindo a criação de regiões administrativas que a Constituição determina e de que o País carece.

Otelo – O inquérito aberto pelo Ministério Público ao herói de Abril resultou da queixa de um grupo de cidadãos, por ele ter admitido a possibilidade de haver um golpe militar, caso fossem “ultrapassados os limites”. Duvido da indignação, acredito mais na raiva a quem derrubou a ditadura.

Egito – Os partidos islâmicos conquistaram mais de 75% dos votos, sendo 25% de um partido fundamentalista enquanto os partidos seculares não ultrapassaram os 25%. Ainda há quem acredite em democracias confessionais !

Águas de Portugal – A nomeação do presidente da Câmara do Fundão, Manuel Frexes, para administrador, não é um escândalo pelos 121 mil euros de salário base mais quase 30 mil em ajudas, mas pelo litígio que mantém com a empresa que vai dirigir, pela dívida de 7,5 milhões de euros da Câmara onde cumpria o último mandato.

EDP – A escolha de Eduardo Catroga, Celeste Cardona, Teixeira Pinto e Braga de Macedo para o Conselho Geral, todos ex-membros de Governos PSD/CDS, se não é favoritismo político revela informação privilegiada dos chineses.

Fernando Correia – A homenagem prestada em Vilar Formoso ao médico ilustre, homem bom e humanista, no seu 75.º aniversário, é a consagração que há muito lhe era devida. Deixo aqui o abraço de parabéns tardio e o testemunho público da minha estima e consideração.

PR – As lamúrias miserabilistas sobre a sua pensão de 10 mil € mensais, e 2900 € para despesas pessoais, insultam 600 mil desempregados e 1,4 milhões de pensionistas com menos de 485 €, além de serem indignas da função que ocupa.

Sindicalismo – Com a saída de cena de Carvalho da Silva abre-se um novo ciclo na CGTP-IN. Para a história do movimento sindical fica o exemplo de inteligência, coragem e coerência do mais notável sindicalista das últimas décadas.

Ministério das Finanças – O “esquecimento” da orçamentação das pensões dos bancários, cuja transferência de fundos serviu para baixar o défice e depois de se ter revelado falso o desvio colossal na despesa de 2011, esvaiu-se a alegada competência do ministro.

Baltazar Garzón – O juiz espanhol que fez prender Pinochet e mandou exumar cadáveres das vítimas da ditadura franquista, ocultados em valas comuns, está a ser alvo de um julgamento político que visa afastar o juiz incómodo, competente e corajoso.

França – A ministra francesa da Juventude, Jeannette Bougrab, foi criticada por ter declarado ao diário “Le Parisien” : “Eu não conheço islamismo moderado [...] Não há sharia light”, mas na realidade ninguém lhe pode negar a razão.

Nigéria – Lenta e metodicamente, o ódio religioso semeia a morte. Não é assunto que interesse demasiado a comunicação social, apesar dos ataques frequentes às igrejas e da morte recente de mais de 200 cristãos, vítimas do ódio sectário de fanáticos islâmicos.

EDP – A saída do Estado de uma empresa estratégica é sempre a má notícia que só os fanáticos do liberalismo veem como boa, e a receita, embora generosa e urgente, só cobre um terço do descalabro da Madeira ou das trafulhices do BPN.

5 de outubro – Após várias tergiversações o Governo prepara-se para retirar do calendário o feriado do dia que é a matriz do regime. A ignorância da História e a falta de sensibilidade política uniram-se num ato gratuito, injusto e indigno.