A faraónica EDP...que alienámos
A EDP (que até há pouco tempo foi uma empresa pública) apresentou hoje lucros da ordem dos 1.125 milhões de euros em 2011.
Como todos sabemos em Dezembro de 2011, a fracção do Estado foi privatizada para o Estado Chinês, através da sua empresa (estatal) China Three Gorges, e a China vai receber em dividendos (de 1 mês) a módica “fatia” de 144 milhões de euros. link
Desconheço se estas “contabilidades” (que julgo serem possíveis estimar antecipadamente) entraram na formatação do preço para a sua privatização. Mas os “negócios da China” tornaram-se impenetráveis e muito difíceis de clarificar.
O que incomoda qualquer português é o facto de o Governo ter antecipado o aumento do IVA (portanto uma taxa universal e “cega”) de 6 para 23% no 3º. semestre de 2011 (quando o memorando da troika só o obrigava a fazê-lo em 2012). Esta antecipação – as proclamadas medidas para além da troika – resultaram no encaixe pelo Estado, em 2011, de cerca de 100 milhões de euros… link. Um "excedentezinho" para amenizar o defice...
Três considerações breves e sucintas:
1). A EDP em vez de ser uma empresa do sector energético mais parece uma “casa da sorte”… a distribuir cautelas premiadas.
2). Como se pode falar em competitividade da economia com custos de energia inflacionados e/ou orientados para lucros faraónicos?
3). Em que medida o aumento do preço da electricidade (que ocorreu em simultaneidade com o do gás) contribuiu para “desregular” a climatização das habitações contribuindo, desta forma, para a empolar uma “onda” endémica de gripes e afecções respiratórias em idosos que já começou a inveter a marcha progressiva da esperança média de vida?
O “negócio do ano”, i. e., a privatização da EDP continua a ser um enigma e um engulho para muitos portugueses. Para Passos Coelho, Vítor Gaspar, António Mexia e Fernando Catroga e outros está tudo bem. Já sabemos: são os mercados a funcionar e o sistemático abate das gorduras do Estado.
Só uma questão final: quando espoliarem as gorduras e a carne quem vai roer os ossos?
Não precisa explicar (como dizem os brasileiros). Todo o Mundo sabe!
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