Iludir ou ultrapassar “fissuras”?…
CDS: José Manuel Rodrigues demite-se de vice-presidente do grupo parlamentar… link
O cabeça de cartaz do CDS/Madeira que, nas recentes eleições regionais, beneficiou eleitoralmente do descalabro financeiro provocado, dissimulado e por Alberto João Jardim (AJJ), actualmente deputado na Assembleia da República vive, na actual conjuntura, momentos de grande contradição político-partidária que lhe tolhem os movimentos.
Com as últimas eleições regionais tornou-se, com alguma surpresa, um dos possíveis candidatos à sucessão de AJJ na condução dos destinos dessa Região Autónoma. O problema é que a coligação governamental que suporta o Governo da República não lhe dá espaço de manobra político para afirmar-se na Madeira sem “rasgar” o programa eleitoral apresentado pelo CDS/Madeira.
O sucesso eleitoral guindou-o à vice-presidência do grupo parlamentar do seu partido.
Mas, desde há algum tempo, que a sua situação política tornou-se incómoda e ao que parece, neste momento, insustentável. Como sustentáculo destas divergências podemos recorrer ao seu Requerimento de 189/XII (1ª.) dirigido à Presidente da AR e publicado em 2012-03-15, i. e., a preceder a sua demissão do cargo no grupo parlamentar. Nesse requerimento questiona o contrato de empréstimo da Região Autónoma, nomeadamente o sub-financiamento das necessidades reais bem como as taxas de juros que foram acordadas. link.
A crise financeira, económica e social de Portugal tornou impraticáveis muitos dos “equilibrismos” (ia dizer "malabarismos") muito comuns nos políticos portugueses, quer no âmbito nacional, regional e autárquico.
As “fissuras” começaram a surgir à luz do dia. Na verdade, tratam-se de fracturas expostas e, não esperemos por outra coisa, acabarão inquinadas com vírus de múltiplas incompatibilidades e interesses que vão necessariamente bulir com um límpido exercício democrático representativo.
José Manuel Rodrigues pretendeu salvar a face perante a Madeira, mas exercendo funções num órgão de soberania nacional que, politicamente, suporta o XIX Governo Constitucional e tem produzido uma falaciosa e abundante retórica sobre austeridade e equidade, tornou a “vida” do deputado madeirense, complexa e dificil, para não dizer pejada de contradições.
Não poderá repetir a rábula do “está tudo bem”, desvalorizando intrinsecamente a sua atitude e, pior, o seu voto contra na AR. Porque se o fizer está a iludir o eleitorado madeirense com uma postura formal, sem ilações políticas. Na realidade, a "divergência" – sobre os termos do contrato de empréstimo da República à Região - é de importância fulcral para quem vai, em última análise, pagar: os madeirenses!
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