Papa defende liberdade religiosa
Há títulos enganadores para quem se contenta com a sua leitura e despreza a notícia. O Papa a defender a liberdade religiosa parece um muçulmano a defender o presunto já que, quanto à liberdade religiosa, ambos a defendem, excluindo as outras religiões.
Em Portugal ainda nos lembramos da ditadura clerical-fascista de Salazar que impedia o acesso à enfermagem e à docência do ensino primário a quem não fosse católico. Um professor universitário causou escândalo quando, após o doutoramento, afirmou que só ia à missa porque, doutro modo, não lhe seria concedido o grau académico.
O pastor alemão considera falta de liberdade religiosa o facto de uma lei constitucional incluir restrições às cerimónias religiosas em locais públicos e, sobretudo, a proibição do envolvimento religioso na política. Esta interferência na luta partidária mexicana é agravada pelo momento e local em que foi proferida: o México está a uma semana das eleições legislativas e o local, onde o Papa fez a provocação, foi cenário de uma revolta católica, na década de 1920, na qual os fiéis, acicatados pelo clero, pegaram em armas contra as leis que retiraram poder à igreja Católica.
O repto foi lançado num país católico que o Papa pretende dominar. Não é a mensagem de um chefe religioso, é a declaração de guerra de um político estrangeiro a favor dos conservadores mexicanos.
O Vaticano é um local pouco recomendável. Há dois papas que é progressivamente pior frequentado.
Apostila - As vítimas do pedófilo padre Maciel acusam o Papa de ocultar o escândalo.
Apostila - As vítimas do pedófilo padre Maciel acusam o Papa de ocultar o escândalo.
Comentários
A coerência não é apanágio do Vaticano.