Portugal, a ética, o abismo e a chuva
Parece que é a nossa vocação suicida que vai atirando Portugal, rápida e eficazmente, para o abismo.
Sócrates não pode servir de desculpa para as tropelias do estagiário que lhe sucedeu no Governo, nem de explicação por defeito para todas as malfeitorias que nos arrastam para o pântano ou de pretexto para desviar atenções da progressiva dissolução ética.
O PR, campeão da deslealdade, com a canhestra operação das «escutas», não pode fazer esquecer os cobres ganhos na SLN, com que arredondou as reformas e o vencimento que acumulou até ter sido impedido por um Governo, que, a partir daí, lhe merece rancor. O ataque despropositado e excessivo ao ex-PM, cujo governo já foi julgado nas últimas eleições, está, como o acusador, fora de prazo e do elementar bom senso. Restam-lhe as explicações sobre a permuta de terrenos algarvios que o fizeram vizinho de Oliveira e Costa, Eduardo Catroga e Fernando Fantasia, substituindo a vivenda Mariani, que só o nome a desvalorizava, pela elegante Gaivota Azul.
A Associação Sindical de Juízes quer julgar o governo de Sócrates, e só esse, remetendo para o Ministério Público a avaliação dos gastos de membros do referido governo com cartões de crédito e telemóveis, quando os procuradores voltavam do festivo congresso num hotel faustoso, com programa de luxo para acompanhantes, patrocinados por dois bancos envolvidos na «Operação Furacão», além da CGD, BPI, a companhia de seguros Império Bonança e outras instituições amigas dos sindicalistas organizadores.
Por sua vez um meritíssimo juiz de Viana do Castelo proibiu, no seu tribunal, o uso do novo Acordo Ortográfico, numa louvável atitude de separação de poderes, esquecendo que os dignos procuradores não lhe devem obediência.
Resta-nos a piedosa confiança em Deus da ministra da Agricultura, e das suas orações a pedir chuva, acompanhada pelo bispo de Beja, a admoestar os diocesanos por, numa época de seca, não implorarem a proteção divina que a teria evitado. Perante a secura do ar ficamos sem saber se foi a ministra que não rezou o suficiente ou se é a falta de fé dos alentejanos que está na origem do castigo divino.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Sócrates não explica um estado cheio de interesses inamovíveis que lançam farpas quando os aborrecem
Guterres não explica um primeiro-ministro inerte que deixa degladiar facções
A chuva essa continua caindo e cada vez mais porque a evaporação aumenta
mas tal como o estado português cai onde não faz falta
e não cae onde falta faz...
a culpa é assis do klimasturz...
ou do stress induzido pelos blogs em pontes feitos
a bem da nação mação
deixo a portagem paga...
Por vezes irresponsáveis diletâncias acabam em conspurcados atoleiros...
Não acredito em milagres.