A AR, o 25 de Abril e a extrema-direita

Anda aí uma intensa animosidade às comemorações do 25 de Abril, na A.R., o órgão da soberania que a data simbólica permitiu livre e plural. Onde, pois, se poderá, de melhor forma, celebrar a data maior do devocionário da democracia, no estado de emergência? Desta vez, até há democratas a cair na teia que reacionários de diversos matizes teceram com o ódio que não cansa e a raiva que a democracia lhes causa. Os média do costume dizem que o país se dividiu, como se o deputado fascista, os 5 do CDS e a dúbia posição da IL pudessem comparar-se com restantes 223 do PS, PSD, BE, PCP e PEV (223 – 7). É preciso descaramento! É inútil repetir mentiras e obscenidades que circulam no esgoto das redes sociais, com erros de ortografia e de sintaxe, a insultar o presidente da AR e a apelidar de gentalha os deputados de todos os partidos para se suspeitar das intenções e repudiar as mentiras. O que dói aos répteis, obrigados a rastejar durante 46 anos, é a duração da democracia e a vitalidade da Constituição que, para decretar o estado de emergência, exigiu a maioria dos deputados, a permissão do Governo e a vontade do PR. O que causa brotoeja e insónias aos salazaristas humilhados e fascistas das novas e velhas gerações, aos nostálgicos do “nosso Ultramar infelizmente perdido”, da ordem, que a polícia mantinha, e dos bons costumes, que a censura e o clero se encarregavam de vigiar, é a capacidade da democracia que resistiu a manifestações silenciosas, às bombas e à intensa demonização de grandes filhos da União Nacional. A celebração do 25 de Abril, consensual entre todos os deputados democratas, obedece às regras de precaução sanitária de todas as outras reuniões com que a AR tem garantido o regular funcionamento da democracia. “Os procedimentos foram adotados por largo consenso, tendo como pano de fundo uma proposta feita por Rui Rio ao presidente da Assembleia” [Adão Silva, Deputado do PSD]". Seria inaceitável que os deputados se reunissem na AR para o normal funcionamento do Parlamento, com as regras de reunião pós-pandemia, e não o fizessem para comemorar o fim da Pide, da Legião, da censura, da guerra colonial e das arbitrariedades fascistas da ditadura. Celebrar Abril na AR é cumprir um dever dos deputados para com os heroicos capitães que nos legaram a democracia na madrugada imorredoura de Abril de 1974 e mostrar a gratidão de todo um povo, que os partidos representam. Os democratas querem ouvir os discursos dos seus deputados a enaltecer a mais doce de todas as madrugadas, a agradecer a quem nos legou a liberdade com cravos floridos nos canos das espingardas. A contestação é a campanha reacionária que arrasta alguns democratas, para mais tarde se lamentarem, de salazaristas que aguardavam um pretexto para atacar a democracia. «O 25 de Abril tem de ser e vai ser comemorado na AR». Podem denegri-lo os néscios e insultá-lo os fascistas, mas Ferro Rodrigues tem razão e o povo está unido com ele.

Comentários

soudocontra disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
soudocontra disse…
Muito bom post.
De facto, alguns seres humanos não merecem a inteligência que a natureza cósmica lhes deu, contrariamente aos outros animais, pela evolução biologica de milhões de anos, pois utilizam essa inteligência, não para a convivência pacífica de TODOS, mas para se fazerem diferenciar dos seus semelhantes que desejam a união de TODOS com o objectivo de melhorarem a vida de TODOS em todos os aspectos, vida, cujo período é relativamente curto e merece portanto o viver-se o melhor possível sem distinções seja do que for!!!
Tenho visto pontos de vista sobre este assunto da comemoração do 25Abril/SEMPRE pela Assembbleia da República na situação de pandemia que se vive, que me ofendem, até pela admiração política e intectual que sentia por essas pessoas!
Obrigado Carlos
Manuel C Torres

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