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A mostrar mensagens de julho, 2020
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Foto: Eduardo Gageiro No 50.º aniversário da sua inumação – Salazar e o ensino Perante a falsificação da História, metodicamente feita por velhos e novos salazaristas, urge redobrar a paciência e com o método do velho professor primário que sou, repetir, repetir e repetir até cansar os panegiristas do ditador. Um leitor, dos que surgem na minha página do Faceboock, em comissão de serviço do Chega, afirmou que nuca se construíram tantas escolas como no tempo do tirano. Vou referir de memória o que acontecia nesses tempos de obscurantismo, sem repetir os outros crimes da ditadura. As escolas primárias funcionavam com o mínimo de 35 alunos e eram extintas se fosse transferido ou morresse 1 só aluno e ficassem reduzidas a 34. Passavam imediatamente a “posto escolar”, tendo ‘a’ professora de sair (sem vencimento, se fosse agregada), e de concorrer a nova vaga. Os alunos ficavam sem aulas até que o Posto Escolar fosse a concurso e uma ‘regente escolar’* concorresse. Quando fui a

Notas Soltas – julho/2020

Rússia – Num país sem tradições democráticas, não surpreendeu que, por entre várias irregularidades, os russos referendassem as alterações constitucionais que permitem a eternização de Putin, como Presidente, até 2036. Portugal lembra-se do salazarismo. Francisco Assis – A necessidade de 2/3 dos deputados para eleger o novo presidente do Conselho Económico e Social, levou o PS a designar, para o relevante cargo, o militante preferido do PSD. Hong Kong – A China rasgou o tratado de 1984, a Declaração Conjunta Sino-Britânica. Xi Jinping, adepto da candidatura de Trump, trai o acordo que garantia as liberdades do território até 2047, e antecipa a instauração da ditadura. COVID-19 – As incertezas mantêm-se. Pouco se sabe deste vírus, mas é evidente que a pobreza alastra no Planeta e a fome atinge os países mais pobres, sem qualquer garantia de que as desigualdades se atenuem entre países e dentro de cada um. Moçambique – Os ataques jihadistas, sobretudo em Cabo Delgad

O Poeta Anarquista e o Banqueiro Poeta

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Apostila - "O Banqueiro Anarquista" é um imaginativo conto de Fernando Pessoa, publicado em 1922, no primeiro número  da revista Contemporânea. Vale a pena procurá-lo na NET e ler a prosa de um escritor genial.

Lamentos e mágoa

Ontem publiquei um texto sobre a mais repugnante figura histórica do século XX, em Portugal. Fui cuidadoso na gramática e no rigor histórico, sendo os juízos de valor os do homem que sou e das circunstâncias que me moldaram. É raro agradecer os elogios, por pudor, tomando-os como mera identificação voluntária dos que partilham ideias semelhantes e têm da vida e da sociedade convergências que me agradam. Quanto aos insultos, sou indiferente se me são dirigidos, e fico magoado quando outros são atingidos, mas o que deveras me fere é o facto de os meus textos darem origem a manifestações de ódio, afloramentos de racismo e manifestações primárias de raiva. O exclente e arguto jornalista Carlos Fino, ao partilhar o meu texto no Faceboock, foi injuriado, e vi nos comentários pérolas como esta: ‘fui educado para matar comunistas’, de um primata com um nome sonante de uma família que deu ao fascismo cúmplices e perseguidos. Na minha página apareceram manifestações de ódio contra os ret

Cinquentenário da morte de Salazar – A andropausa da ditadura e o caruncho

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Em 3 de agosto de1968, um inseto coleóptero atingiu a apoteose na cadeira que ajudou a desconjuntar. O caruncho foi o artífice da inestimável tarefa que marcou o início do fim do ditador, que vegetou ainda até ao dia 27 de julho de 1970. Faz hoje 50 anos. Por mérito próprio ou ansiedade de um povo, o caruncho tornou-se o celebrado autor da queda da cadeira que arrastou o mais longevo ditador europeu do século XX. Ignora-se o número de anos e de insetos cuja vocação xilófaga os conservou no interior da cadeira onde o biltre repousava, no Forte de Santo António da Barra, em São João do Estoril, e, prostrado aos pés, um calista lhe tratava regularmente os calos. Nesse dia, o sádico ditador tornou-se um decadente ator de comédia. Presidiu a supostos Conselhos de Ministros onde os cúmplices do seu último Governo iam como figurantes. Lentamente, foi-se esquecendo de quem era e dos crimes de que foi responsável. As memórias do cruel massacre de Batepá, em S. Tomé; da pedofilia dos min

Recordar é prevenir

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Sondagens

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É a personalidade com maior índice de popularidade para próximas  eleições presidenciais. Só é pena que leve o Brasil atrás. Recuso a afirmação: "cada País tem o presidente que merece".

Ricardo Salgado, a campanha de Cavaco e a fuga dos amigos

O Ministério Público acusou Ricardo Salgado e a nata da aristocracia da Linha de tantos e tão graves crimes que, se forem provados, estaremos perante a mais corrupta elite que se recompôs depois da ditadura fascista. Chegou a hora da Justiça e cabe agora os Tribunais averiguar os crimes e estabelecer as penas, enquanto Ricardo Salgado, o destacado ex-banqueiro, perdeu a honra, os haveres e os amigos. No ostracismo a que foi votado, são de exigir os mesmos direitos de defesa de qualquer outro cidadão, e pasmo com o silêncio daqueles a quem concedia a honra, e proveito, de os receber em casa, convidar para férias e patrocinar campanhas eleitorais. Os amigos de Ricardo Salgado lembram Filipe VI, em Espanha, a expulsar da casa que foi dele o rei que o genocida Franco impôs a Espanha e de quem uma senhora grega o gerou para lhe herdar a coroa e as mordomias através da via uterina. Que será feito daquele sindicalista que, segundo afirmou, devia tudo o que era a Ricardo Salgado, e lhe

Morte de Salazar – Car@s leitores

Lamentavelmente, pensei ser hoje o dia 27, os meus olhos já não são o que foram, e no relógio vi 27 onde se lia 23. Faltam 4 dias para o cinquentenário da morte do mais frio e sinistro ditador depois do Vintismo cuja comemoração do bicentenário está em curso. O texto só errou na data e um outro, mais elaborado, há de surgir no próximo dia 27. Resta-me pedir desculpa, pelo lapso, aos leitores.

O último suspiro de Salazar – Há 50 anos

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Com odor a santidade, aroma adequado a cadáveres adiados, faleceu no dia de hoje o mais longevo ditador europeu do século XX. Privou-o a providência, isto é, a extremada dedicação da GNR e da Pide, que se finasse por vontade do povo, e a defunção de assistir ao 25 de Abril, data que, desde o início da ditadura, merecia. Não lhe faltaram o conforto dos sacramentos, as exéquias pias, a força pública e o público à força, nem as carpideiras habituais, para o homenagearem. O déspota de Santa Comba teve uma paixão e uma identidade ideológica, a alma gémea que o fascinava, o mesmo infame que levou o papa de turno a considerá-lo «enviado da Providência». Chamava-se Benito Mussolini e habitava o coração de Salazar, com uma foto autografada, dentro da moldura da sua mesa de trabalho. O alívio foi vivido em radiante silêncio, por uns, e em ruidosas manifestações de júbilo, por outros, enquanto a desorientação e a ansiedade perturbaram por curto espaço de tempo os cúmplices e algozes do po

A União Europeia e a emissão de dívida

Nenhum país é inteiramente autónomo e há séculos que a interdependência se aprofunda e a sobrevivência se tornou mais difícil fora de grandes blocos. A desgraça da UE, com população e PIB idênticos aos EUA, resulta dos nacionalismos que a corroem e de cálculos partidários sobre a tomada do poder perante a debilidade do bloco económico cuja integração social e política não foi feita nem tentada. Portugal é um país que, no meu ponto de vista, deve à Europa e, particularmente à UE, depois da adesão, a democracia e o desenvolvimento que só quem viveu a pobreza e a repressão da ditadura sabe apreciar. As recentes negociações sobre o fundo de recuperação, numa época catastrófica, onde a pandemia criou um clima de incerteza e acelerou as tendências autoritárias de governos, constituem uma arma de arremesso para os que preferem ainda um país orgulhosamente só ou de partido único. A cimeira europeia de Bruxelas produziu o acordo de fundo para a recuperação da UE, sujeita no dia de hoje à

Islamismo

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Finalmente... Descobriu-se quem era o Arcanjo Gabriel, o que ditou o Corão a Maomé.

União Europeia

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Negociações sobre o fundo de recuperação tiveram êxito A Europa estava à beira do suicídio. O êxito das negociações são o compromisso entre o possível e o desejável, e a botija de oxigénio para que a economia europeia funcione, com a intransigente Holanda instalada na proa de um barco que ameaça afundar-se. A UE é a bela utopia que tem sido instrumento de progresso e de paz. Justifica as noites de insónia dos governantes que garantiram o êxito de difíceis negociações. Seria injusto ignorar o papel da senhora Merkel, a mais europeísta dos alemães e a mais democrata dos líderes europeus do PPE, e o denodo de António Costa na defesa dos interesses comuns dos europeus onde os portugueses se encontram.

Banco de Portugal - Tomada de posse

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Acabei de ouvir o excecional discurso do novo Governador, um modelo de inteligência, sabedoria e probidade de quem não se refugia em falsas modéstias, e exibe o fulgurante currículo e a notável preparação académica como penhor da competência que se exige. Cada vez mais me sinto mais revoltado pela miserável campanha pessoal que foi desencadeada contra ele e não esquecerei no voto os que se conluiaram na vindicta e quiseram privar Portugal do melhor de que dispunha. É uma honra prestar-lhe pública homenagem, por mais irritação que a minha atitude cause em amigos.

Brasil

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A fé e a corrupção, os juízes venais e os deputados pagos à votação, os golpes de Estado palacianos e os generais, fazem parte do caldo de cultura onde Bolsonaro chegou a PR e Sérgio Moro a ministro da Justiça, onde Dilma foi exonerada com expedientes formais e Temer acabou com a Justiça alheada do cadastro de pingues corrupções. Na Câmara dos Deputados Federais, a ‘Bancada da Bala’ e a ‘Bancada dos Evangélicos’ dão as mãos numa sórdida aliança que o desenho exemplarmente documenta.

Valor da imagem

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Quando um desenho é mais eloquente do que uma página de prosa elaborada.

O AO-90 e os desacordos imperdoáveis

Compreendo os argumentos, de um lado e de outro, o horror à mudança, a nostalgia das consoantes mudas e de alguns hífenes, o temor de palavras homógrafas e homónimas, e surpreende-me que se continue a contestar o tratado em vigor, sobre cujo mérito não me pronuncio, que apenas pode ser renegociado ou objeto de denúncia unilateral. Há quem faça de um tratado internacional vinculativo, depois de assinado, referendado, em vigor desde 13 de maio de 2009, o combate da sua vida, e um diário de referência a insurreição ortográfica permanente. Há quem ignore ainda a obrigatoriedade do AO nas escolas portuguesas desde setembro de 2011 e três meses depois nos demais organismos do Estado. Aceito a acrimónia pessoal, surpreende-me a peleja por uma causa perdida. Convivo bem com a ortografia pré ou pós-acordo, incomoda-me, sim, a prevaricação ortográfica sistemática comum a ambas as opções. Ver a palavra ‘facto’ numa legenda televisiva, sobretudo na RTP, com o ‘c’ exonerado da palavra, que nu

A Turquia e a igreja de Santa Sofia

O majestoso edifício bizantino dos Anos Trinta do século VI, Aya Sophia, um templo milenar, foi sucessivamente igreja cristã ortodoxa, cristã latina, mesquita e finamente museu, desde 1931. A transformação em museu, onde permaneceram os minaretes, foi a herança de Atatürk, o desejo de promover a neutralidade religiosa e a secularização da Turquia. Foi o legado do criador da Turquia do século XX na vigorosa exigência da modernização do País. A neutralidade religiosa da mais significativa e sumptuosa obra da arquitetura bizantina foi, durante quase 90 anos, símbolo da separação da Igreja e do Estado. Não consentiu o proto Califa Erdoğan, na ânsia de re-islamizar a Turquia, o símbolo tão emblemático do secularismo no País que quer dedicar à sua religião, uma religião onde o direito é ainda a alegada vontade do profeta que Atatürk definiu como ‘beduíno analfabeto e amoral’. Devagar, a separação das Igrejas e do Estado, marca civilizacional e democrática, vai cedendo ao proselitismo r

Péssimo jornalismo

«Estes são os 18 acusados que cometeram 277 crimes no caso BES» O título do artigo mais lido, segundo o próprio Jornal de Negócios, é um truque sujo para com os arguidos que todos acusam, independentemente da prova que vier a ser produzida. Não sei se é desconhecimento da língua, do direito ou da ética, ou de tudo junto. A diferença não é uma subtileza linguística, é uma canalhice. O/a jornalista devia saber que, num Estado de Direito democrático, os arguidos se presumem inocentes até trânsito em julgado da sentença condenatória. Os arguidos não são “acusados ‘que cometeram’ 277 crimes”, são “acusados ‘de cometerem’ 277 crimes”, o que é substancialmente diferente. O Jornal faz uma acusação, influencia a opinião pública e pressiona os juízes.

Pensando no futuro dos que já nasceram

O facto de o PS, por razões conhecidas, não ter explicado que a crise financeira mundial de 2008, provocada pela falência do banco Lehman Brothers, foi a principal responsável dos problemas financeiros nacionais, impediu os portugueses de tomarem consciência do efeito perverso do princípio dos vasos comunicantes, conhecido por risco sistémico. Admira, por isso, que a pandemia em curso, tão nefasta e de dimensões colossais, torne autistas os partidos políticos e as pessoas, sem reverem os seus paradigmas, enquanto a extrema-direita capitaliza o medo, a incerteza, a raiva e o ressentimento, com o discurso de ódio, que ganha adeptos e não encontra oposição. Quando está em causa a sobrevivência, é desolador ver líderes que me tinha habituado a respeitar, a comportarem-se como se disputassem diariamente, entre si, um punhado de votos, que fogem de todos eles para quem promete segurança e quer silenciar-nos. Parece que partidos e pessoas continuam indiferentes e irresponsáveis perante

Associação Ateísta Portuguesa -- Sócio de Mérito

Carta aos sócios Hoje, dia 11 de Julho, teve lugar a Assembleia Geral da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) com carácter eletivo. Desse encontro, foram eleitos os novos órgãos sociais numa lista que pretende ser simultaneamente de continuidade e de renovação. Como novo dirigente, é a primeira vez que me dirijo a centenas de sócios que compõem a nossa organização, os quais gostaria de começar por saudar com os mais fraternos cumprimentos. Foi hoje também aprovado o Plano de Atividades para o biénio 2020-2022. Para além do programa proposto, e já de si ambicioso, foram também aceites outras sugestões como a ênfase nos encontros presenciais, a realização de percursos temáticos e dar início à criação de um Museu do Ateísmo. Gostaria de contar com todos vocês para as iniciativas que iremos tentar desenvolver um pouco por todo o país. A nossa visão é que a AAP funcione como uma comunidade que sirva de ponto de encontro para ateus e ateias, agnósticos, humanistas, céticos, racionalista

A FRASE

«Está para nascer alguém mais sério do que eu» (Aníbal Cavaco Silva, político português) Saco Azul do GES financiou campanha de Cavaco

Polónia – A vitória dos pulhacos sobre os polacos

A reeleição do Presidente Andrzej Duda, na segunda e decisiva votação, foi o culminar de uma deriva antidemocrática e iliberal liderada, desde 2015, pelo partido Lei e Justiça (PiS). A direita democrática foi derrotada em eleições muito concorridas onde os fantasmas do passado ressurgem na orgia nacionalista onde a autocracia foi, uma vez mais, sufragada. A Polónia nasceu no território próximo do atual com a conversão ao cristianismo no fim do século X, mas a sua coesão nunca foi duradoura. Da ligação à Lituânia à divisão pelo Reino da Prússia, Império Russo e Áustria, a Polónia só recuperou a sua independência no final e na sequência da Primeira Guerra Mundial, 1918, com uma democracia onde coexistiram cristãos ortodoxos, protestantes, católicos romanos e judeus. O nazismo foi popular e um dos mais horrorosos crimes do antissemitismo foi cometido por polacos, o horrendo e premeditado massacre de Jedwabne, onde a crueldade contra os judeus atingiu o paroxismo, uma barbaridade que

in illo tempore

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Há seis anos, no dia de hoje:

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- «O banco [BES] é sólido, não há perigo nenhum para as pessoas».                                                (Marques Mendes, hoje, SIC-N) Haveria perigo para os animais? - Onde param os amigos? - Agora até comunicam aos jornais os crimes de que é acusado antes de o notificarem.

Mutilação genital feminina

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No Público de ontem, a jornalista Aline Flor refere a uma mulher acusada de submeter a filha de dois anos a mutilação genital feminina. O que surpreende e aumenta a repulsa é o facto de ser “a primeira acusação por mutilação genital feminina” no país segundo confirmou a PGR. Diz a jornalista que, em Portugal, em 2019, houve sete processos abertos pelo MP por mutilação genital feminina, de acordo com informação enviada ao PÚBLICO pela PGR: cinco inquéritos foram arquivados e outro ainda se encontra em investigação.  “O estudo mais recente sobre mutilação genital feminina em Portugal, publicado pelo Observatório Nacional de Violência e Género em 2015, estima que residam em Portugal mais de 6500 mulheres com 15 ou mais anos que já tenham sido vítimas de mutilação genital, e cerca de 1830 meninas com menos de 15 anos já teriam sido submetidas a esta prática ou estariam em risco de o ser.” – lê-se no artigo. *** Em nome da tradição tanto se pode defender a morte do touro em Barrancos

O jornal Público e a regionalização

Julgava eu, na minha ignorância, que um ‘Editorial’ era o artigo de opinião de um grupo de pessoas, no caso de um jornal impresso, uma posição coletiva dos seus jornalistas ou, no mínimo, da direção, não assinado ou, eventualmente, subscrito por “A Direção”. A experiência ensinou-me que é a opinião do diretor que, impante, exorna o texto com o nome. Os artigos do jornalista Manuel Carvalho não são a sua opinião, são editoriais do Público, quer seja um ataque ao governo, as reiteradas diatribes contra o AO-90, carente alguns hífens, acentos e consoantes mudas, ou a sua prosa sobre qualquer assunto. Ontem, dia 8 de julho do Ano da Graça de 2020, Manuel Carvalho editorializou a sua opinião, com a sua foto, sob o título “PS e PSD juntos no funeral da regionalização”. É uma opinião respeitável, mas imprópria para um editorial. Sou um adepto da Regionalização e lamento que não tenha sido feita simultaneamente com a criação das Regiões Autónomas, cujos exageros estatutários e a chantag

A descolonização portuguesa e as feridas por sarar

As descolonizações foram sempre tragédias, agravadas com o prolongamento da guerra. A portuguesa deveu-se ao ditador, leviano e sinistro, que ignorou os sinais da História e recusou negociar a autodeterminação que os africanos e o direito internacional exigiam. Todas as descolonizações carregaram sofrimento e injustiças, próprios de revoluções. A portuguesa foi tão tardia que impediu minimizar o desastre e acautelar interesses lícitos. Houve nessa tragédia apenas uma epopeia, a do único exército do mundo capaz de uma retirada gigantesca sem uma única baixa. Portugal foi exemplar a acolher, como devia, os nacionais que voltaram. Ninguém ficou alheio aos dramas de quem se viu espoliado de haveres, do conforto e do habitat. Fomos melhores do que os franceses onde a síndrome dos «pés pretos» ainda persiste. A guerra colonial portuguesa, começou quando a França estava a acabar de perder a sua, na Argélia (1954/62). Em 1962, o PR francês, De Gaulle, reconheceu a independência e resolve

AAP - Associação Ateísta Portuguesa. Saudação do presidente cessante.

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Caros Consócios, O movimento que legalizou a Associação Ateísta Portuguesa começou há mais de duas décadas e dinamizou-se num hotel de Coimbra, onde algumas dezenas de ateus e ateias se reuniram, numa sessão de trabalho, após o almoço convocado sob o lema “Vale mais um primeiro almoço do que a última ceia”. Após intensos debates e muitas centenas de artigos, divulgados em ‘sítios’ ateístas e no Diário Ateísta, durante anos, procedeu-se ao registo notarial, em 30 de maio de 2008, e foi nomeada a comissão promotora da primeira Assembleia Geral, onde foram eleitos os corpos sociais do primeiro mandato. Recordo que estávamos perante uma ofensiva clerical, quando a peregrinação de 13 de maio a Fátima, uma maratona pia comandada pelo cardeal português, Saraiva Martins, emigrado no Vaticano, tinha sido convocada sob o lema belicista «Contra o ateísmo». Foi uma grande honra ter integrado esse movimento ateísta e participado na criação da AAP, de que fui o primeiro presidente durante os

Milagres

Há milagres dos grandes e dos pequenos, isto é, de todos os tamanhos. Perante milagres fraquinhos como o que pôs a D. Emília a andar, para canonizar os seus pastorinhos, ou o do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, queimado com óleo de fritar peixe, para elevar à santidade D. Nuno Álvares Pereira, Aparece finalmente a notícia de um milagre antigo, tão grande que nem a Igreja católica acreditou. Um milagre desta dimensão deve ser divulgado. Só no Brasil.

Associação Internacional de Livres Pensadores (AILP)

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Associação Internacional do Livre Pensamento (AILP)  Na habitual troca de mensagens com os membros da direção da AILP comuniquei o fim das minhas funções de presidente da AAP que ocorrerá no próximo dia 11: «l lun., 29 jun. 2020 a las 16:24, Carlos Esperança ( ) escribió: Obrigado a todos, daqui de Portugal, onde, no próximo mês, serei substituído na presidência da Associação Ateísta Portuguesa (AAP). Aproveito para enviar um abraço fraterno na última vez que vos escrevo como presidente da AAP de que fui o primeiro presidente, durante 12 anos. Carlos Esperança Apostila – No fim do atual mandato, cessarei também as funções diretivas na AILP. É gratificante registar as manifestações de apreço dos seus mais destacados membros: ***** Vergara Lira – 30 de jun. de 2020 00:38 Felicitaciones distinguido amigo Carlos. Un abrazo desde Chile para los miembros de la AAP. Fraternalmente, Antonio Vergara Lira Director Internacional de la AILP. *** Philippe Besson – 30 de jun.

A magia informática e a bruxaria

Outrora, a bruxaria era apanágio feminino e alimentava fogueiras e medos coletivos. Aproveitava a calada da noite para os conciliábulos e a vassoura para transporte até às encruzilhadas dos caminhos onde desembocavam fantasmas e se rogavam pragas. Era aí que a tradição judaico-cristã domiciliava a origem das desgraças que semeavam o pânico na populaça e a loucura nos inquisidores. Hoje, os feiticeiros têm o nome impresso à entrada dos gabinetes que acendem as luzes à sua chegada, ar condicionado que evita aos sovacos o odor e às pituitárias a náusea, computadores onde escondem o saco dos sortilégios. Circulam sem cerimónia no Windows, deslocam-se em confortáveis automóveis que deixam aprisionar no inferno do trânsito. Vivem num mundo de luzinhas, textos esotéricos que refletem a cabala matemática em sequências de 0 e 1, linguagem binária, inacessível a profanos, que estarrece os basbaques. Foi-se o pacto com o demónio. Os atuais feiticeiros são magos em permanentes e estonteantes

A guerra colonial e o Movimento Nacional Feminino (MNF) – Crónica (4249 carateres)

Mais de cinquenta anos volvidos sobre o regresso à Pátria, ainda é doloroso voltar aos sítios onde o crime de ser português levou uma geração a sobreviver, em condições precárias, de armas na mão, para fazer uma guerra inútil, injusta e antecipadamente perdida. Recordo o embarque no cais de Alcântara num qualquer dia de outubro de 1967, rumo a Moçambique, com mulheres e meninas bem vestidas a ostentarem braçadeiras do MNF para a coreografia do adeus aos mancebos que a sorte destinara a Moçambique. Não assisti à pungência da despedida, num misto de nojo e raiva. Preferi o camarote ao convés inclinado do Vera Cruz, o silêncio do navio ao clamor do cais, a solidão ao ruído coletivo e à cumplicidade com a coreografia das damas do MNF a saltitar na amurada. Nutria pelo exército de saias da D. Cecília Supico Pinto o mais profundo asco, o rancor de quem sabia inútil a guerra e inglório o sacrifício. Aquelas braçadeiras lembravam-me as suásticas do nazismo. Eram a ve