Notas Soltas – junho / 2020


EUA – A morte do negro, George Floyd, por polícias de Minneapolis, foi a repetição da crueldade policial no caldo de cultura de um país incapaz de lidar com as diferenças. Trump, com insensibilidade e racismo, acirrou a violência das manifestações.

Portugal – A banalização da tortura e assassinato do negro G. Floyd terá levado o MP a não recorrer da ausência de prisão efetiva para qualquer dos 18 agentes da esquadra de Alfragide, acusados de racismo e tortura, e o deputado fascista a justificar a violência?

Brasil – Tudo o que podia correr mal, correu efetivamente mal e da pior maneira (lei de Murphy), e os brasileiros não mereciam que a incompetência, corrupção e cretinismo do PR atingissem grau tão elevado, nem que o seu Governo fosse tão nocivo.

Donald Trump – A péssima atuação na pandemia e política externa e a leviandade com que reagiu aos protestos e à violência, surgidos após o assassinato de George Floyd, não o derrotam. Ganhou as eleições com menos 3 milhões de votos do que Hillary Clinton.

Turquia – A perseguição à oposição autárquica e parlamentar aumenta. O Parlamento expulsou três deputados da oposição, dois da esquerda kurda e um social-democrata, condenados por terrorismo e divulgação de segredos, habitual, logo detidos pela polícia.

Guerra fria – Repete-se novo ciclo de terror entre as duas superpotências que disputam a hegemonia, EUA e China, num imparável duelo comercial que pode passar da guerra fria à luta armada, onde se confrontam um ditador absoluto e um absoluto irresponsável.

Olof Palme – Defensor dos direitos humanos, dos sindicatos, sistema de saúde público, cuidados infantis, segurança social e habitação, foi assassinado há 34 anos. Identificado o falecido assassino do PM sueco, terminou o mistério e ficou impune o homicida do saudoso social-democrata.

10 de Junho – A surpresa foi Tolentino Mendonça, português da diáspora, cardeal, que no seu discurso inclusivo cerziu uma notável peça literária, imaculada na forma, rica na substância, à altura do cidadão humanista, democrata e cosmopolita.

RTP-1 – A entrevista a Sérgio Moro, político venal que usou o cargo de juiz para fazer escutas ilegais, conspirar contra a democracia, combater o PT, que odiava, e prender Lula, que temia, foi a afronta à decência, frete ao corrupto e propaganda a quem não foi contraditado.

Mário Centeno – Visto pela revista The Banker, suplemento do Finantial Times, como o melhor ministro das Finanças da Europa, em 2019, houve, na AR, a tentativa tosca de uma lei ‘ad hominem’ para impedir o melhor candidato de ser Governador do BP.

Durão Barroso – Participou em 2003 na cimeira das Lajes onde se decidiu a invasão do Iraque. Admitiu este mês que, se fosse hoje, não tomaria a mesma decisão. Demorou 17 anos a reconhecer o crime e ainda convencido de que a sua decisão foi relevante. 

COVID-19 – As manifestações de imprudência e de verdadeiro desafio às advertências das autoridades de saúde põem em perigo os prevaricadores, sabotam as medidas sanitárias e são um crime contra quem acaba contagiado devido à incúria e leviandade.

El País – O mais influente diário ibérico tem novo diretor, Javier Moreno, substituindo Soledad Gallego-Díaz. Com o predomínio de jornais de direita, o regresso do ex-diretor, que o deslocara do centro-esquerda para a direita, é um erro, mas o capital não dispensa a opção que lhe convém.

Vandalismo – Um pouco por todo o mundo, sob o pretexto da luta contra o racismo, já se derrubaram e mutilaram estátuas, algumas de grande valor patrimonial, numa onda de destruição gratuita que revela ignorância, insensibilidade e banditismo.

Pandemia – O coronavírus está “em aceleração” e “o mundo encontra-se numa nova e perigosa fase”, adverte o diretor-geral da OMS, porque «o vírus continua a propagar-se rapidamente, continua mortal e a maioria das pessoas suscetíveis à infeção”.

União Europeia – Apesar das resistências de alguns países à solidariedade que devem a países com economias mais débeis, ganha consistência a certeza de que a sobrevivência está na unidade e a Sr.ª Merkel tem sido a voz mais poderosa e lúcida dessa convicção.

Guiné-Bissau – A agravar a situação de um espaço tribal, empobrecido e flagelado pela droga, insegurança e corrupção, onde a falência do Estado é total, a COVID-19 encontra aí populações indefesas para uma das suas maiores devastações.

Inovação – Portugal passou de país moderadamente inovador para o dos “inovadores fortes”, no relatório European Innovation Scoreboard (EIS). A avaliação de 27 indicadores colocou o país numa posição de destaque, resultante do desempenho na área da inovação.

Israel – Indiferente aos apelos da ONU, o plano de anexação da Cisjordânia é mais um fator de perturbação no Médio Oriente e um obstáculo à paz. O nacionalismo teocrático viola o direito internacional e inviabiliza impunemente o Estado da Palestina.

ONU – David Beasley, diretor executivo do Programa Mundial de Alimentação, avisou que o impacto económico da pandemia pode duplicar o número de pessoas que sofrem com a fome no mundo. E não se vislumbram medidas que atenuem as desigualdades.

Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) - O bispo José Ornelas, eleito presidente da CEP, foi uma vitória da ala liberal. A sua afirmação, “Não veria mal a possibilidade de termos padres casados dentro da nossa Igreja.”, rompe com o habitual conservadorismo.

França – A onda verde da segunda volta das eleições municipais foi a melhor novidade das eleições marcadas por uma abstenção sem precedentes. Candidaturas de esquerda e, sobretudo, ecologistas conquistaram a presidência dos principais municípios.


Ponte Europa / Sorumbático

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