AAP - Associação Ateísta Portuguesa. Saudação do presidente cessante.
Caros Consócios,
O movimento que legalizou a Associação Ateísta Portuguesa começou há mais de duas décadas e dinamizou-se num hotel de Coimbra, onde algumas dezenas de ateus e ateias se reuniram, numa sessão de trabalho, após o almoço convocado sob o lema “Vale mais um primeiro almoço do que a última ceia”.
Após intensos debates e muitas centenas de artigos, divulgados em ‘sítios’ ateístas e no Diário Ateísta, durante anos, procedeu-se ao registo notarial, em 30 de maio de 2008, e foi nomeada a comissão promotora da primeira Assembleia Geral, onde foram eleitos os corpos sociais do primeiro mandato.
Recordo que estávamos perante uma ofensiva clerical, quando a peregrinação de 13 de maio a Fátima, uma maratona pia comandada pelo cardeal português, Saraiva Martins, emigrado no Vaticano, tinha sido convocada sob o lema belicista «Contra o ateísmo». Foi uma grande honra ter integrado esse movimento ateísta e participado na criação da AAP, de que fui o primeiro presidente durante os 12 anos que ora findam.
É a última vez que me dirijo a centenas de sócios dispersos pelo país e estrangeiro e, por isso, vos envio uma última e calorosa saudação. Saúdo ainda os ateus e ateias não sócios e os agnósticos, racionalistas, céticos e todos os livres-pensadores, especialmente os que vivem em países onde são perseguidos e mortos pelas teocracias ou marginalizados pelo poder onde as religiões se infiltraram nos aparelhos de Estado.
Solidarizo-me com todos os que, em condições adversas, contestam as verdades únicas e combatem a violência clerical, onde quer que surjam e os ateus se encontrem.
A AAP repudia o proselitismo e nunca foi uma central de propaganda que incensasse o ateísmo. Defendeu, sim, a laicidade do Estado, e combateu a ameaça das religiões, que incitam a xenofobia, o racismo, a misoginia e a homofobia, sendo fiel à Constituição da República Portuguesa e à Declaração Universal dos Direitos Humanos.
É desolador ver os judeus sionistas a espalhar a violência e a morte na faixa de Gaza e a inviabilizar o Estado da Palestina; os islamitas a impor a sharia; os nacionalistas hindus, na Índia, e os budistas na Birmânia a acossar os muçulmanos; e quaisquer outras manifestações de intolerância religiosa onde quer que ocorram.
Do protestantismo evangélico ao cristianismo ortodoxo, do catolicismo dos exorcismos ao fascismo islâmico, do judaísmo sionista ao hinduísmo das castas e vacas sagradas, as religiões continuam a mostrar a sua nocividade e falsidade.
A AAP repudia os privilégios que a Concordata e a Lei da liberdade religiosa atribuem à Igreja católica, certa de que a fé não se impõe por tratados nem cabe ao Estado pagar a sua difusão. A laicidade é um requisito da tolerância e a garantia da liberdade para todas e cada uma das religiões.
Não há sociedades livres sem respeito pela liberdade individual e a igualdade de género. Repudio a moral imposta pelas religiões, fruindo a vida, um bem único e irrepetível, até ao limite do prazo biológico ou da minha decisão.
Perante os que aguardam que a idade ou o medo da morte abalem as minhas convicções, de mais de sessenta anos, recordo Voltaire no leito da morte, quando o clero, para exibir o troféu, «converteu-se na hora da morte», pretendia que «negasse o Diabo», respondeu com fina ironia: «Não é o momento apropriado para criar inimigos».
Christopher Hitchens, influente escritor e jornalista britânico, autor do livro «Deus não é grande», quando soube que, na sequência do cancro que o consumia, se faziam apostas na NET sobre se se converteria antes de morrer, declarou sarcástico: «se me converter é porque acho preferível que morra um crente do que um ateu».
Fiel ao ateísmo e à Declaração Universal dos Direitos Humanos, certo de que o ónus da prova cabe a quem afirma a existência de um qualquer deus e não a quem o nega, serei sempre um defensor do livre-pensamento. Combatendo as crenças, respeito os crentes, seja qual for o embuste em que creiam ou a fé que perfilhem. Um ateu não pode aceitar o totalitarismo de qualquer corrente filosófica, incluindo o do próprio ateísmo.
Todos somos ateus em relação aos deuses dos outros. Os ateus só negam mais um deus do que os crentes.
Caros consócios, agradecendo aos ateus e ateias da AAP, em especial aos membros dos corpos sociais, a sua colaboração inestimável, despeço-me de todos com um caloroso abraço republicano, laico e democrático, e as habituais saudações ateístas.
E continuarei sempre presente.
Viva o livre-pensamento!
08-07-2020
Carlos Esperança,
Presidente.
AAP - Associação Ateísta Portuguesa
http://aateistaportuguesa.org
O movimento que legalizou a Associação Ateísta Portuguesa começou há mais de duas décadas e dinamizou-se num hotel de Coimbra, onde algumas dezenas de ateus e ateias se reuniram, numa sessão de trabalho, após o almoço convocado sob o lema “Vale mais um primeiro almoço do que a última ceia”.
Após intensos debates e muitas centenas de artigos, divulgados em ‘sítios’ ateístas e no Diário Ateísta, durante anos, procedeu-se ao registo notarial, em 30 de maio de 2008, e foi nomeada a comissão promotora da primeira Assembleia Geral, onde foram eleitos os corpos sociais do primeiro mandato.
Recordo que estávamos perante uma ofensiva clerical, quando a peregrinação de 13 de maio a Fátima, uma maratona pia comandada pelo cardeal português, Saraiva Martins, emigrado no Vaticano, tinha sido convocada sob o lema belicista «Contra o ateísmo». Foi uma grande honra ter integrado esse movimento ateísta e participado na criação da AAP, de que fui o primeiro presidente durante os 12 anos que ora findam.
É a última vez que me dirijo a centenas de sócios dispersos pelo país e estrangeiro e, por isso, vos envio uma última e calorosa saudação. Saúdo ainda os ateus e ateias não sócios e os agnósticos, racionalistas, céticos e todos os livres-pensadores, especialmente os que vivem em países onde são perseguidos e mortos pelas teocracias ou marginalizados pelo poder onde as religiões se infiltraram nos aparelhos de Estado.
Solidarizo-me com todos os que, em condições adversas, contestam as verdades únicas e combatem a violência clerical, onde quer que surjam e os ateus se encontrem.
A AAP repudia o proselitismo e nunca foi uma central de propaganda que incensasse o ateísmo. Defendeu, sim, a laicidade do Estado, e combateu a ameaça das religiões, que incitam a xenofobia, o racismo, a misoginia e a homofobia, sendo fiel à Constituição da República Portuguesa e à Declaração Universal dos Direitos Humanos.
É desolador ver os judeus sionistas a espalhar a violência e a morte na faixa de Gaza e a inviabilizar o Estado da Palestina; os islamitas a impor a sharia; os nacionalistas hindus, na Índia, e os budistas na Birmânia a acossar os muçulmanos; e quaisquer outras manifestações de intolerância religiosa onde quer que ocorram.
Do protestantismo evangélico ao cristianismo ortodoxo, do catolicismo dos exorcismos ao fascismo islâmico, do judaísmo sionista ao hinduísmo das castas e vacas sagradas, as religiões continuam a mostrar a sua nocividade e falsidade.
A AAP repudia os privilégios que a Concordata e a Lei da liberdade religiosa atribuem à Igreja católica, certa de que a fé não se impõe por tratados nem cabe ao Estado pagar a sua difusão. A laicidade é um requisito da tolerância e a garantia da liberdade para todas e cada uma das religiões.
Não há sociedades livres sem respeito pela liberdade individual e a igualdade de género. Repudio a moral imposta pelas religiões, fruindo a vida, um bem único e irrepetível, até ao limite do prazo biológico ou da minha decisão.
Perante os que aguardam que a idade ou o medo da morte abalem as minhas convicções, de mais de sessenta anos, recordo Voltaire no leito da morte, quando o clero, para exibir o troféu, «converteu-se na hora da morte», pretendia que «negasse o Diabo», respondeu com fina ironia: «Não é o momento apropriado para criar inimigos».
Christopher Hitchens, influente escritor e jornalista britânico, autor do livro «Deus não é grande», quando soube que, na sequência do cancro que o consumia, se faziam apostas na NET sobre se se converteria antes de morrer, declarou sarcástico: «se me converter é porque acho preferível que morra um crente do que um ateu».
Fiel ao ateísmo e à Declaração Universal dos Direitos Humanos, certo de que o ónus da prova cabe a quem afirma a existência de um qualquer deus e não a quem o nega, serei sempre um defensor do livre-pensamento. Combatendo as crenças, respeito os crentes, seja qual for o embuste em que creiam ou a fé que perfilhem. Um ateu não pode aceitar o totalitarismo de qualquer corrente filosófica, incluindo o do próprio ateísmo.
Todos somos ateus em relação aos deuses dos outros. Os ateus só negam mais um deus do que os crentes.
Caros consócios, agradecendo aos ateus e ateias da AAP, em especial aos membros dos corpos sociais, a sua colaboração inestimável, despeço-me de todos com um caloroso abraço republicano, laico e democrático, e as habituais saudações ateístas.
E continuarei sempre presente.
Viva o livre-pensamento!
08-07-2020
Carlos Esperança,
Presidente.
AAP - Associação Ateísta Portuguesa
http://aateistaportuguesa.org
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