Os fascismos e o perigo islâmico – 2

A velocidade a que os talibãs avançam no Afeganistão, a caminho de Cabul, ameaça as forças armadas dos EUA em risco de repetirem, 40 anos depois, a desordem da saída de Saigão, abandonando 200 mil colaboracionistas no Vietname.

Então, os nacionalistas laicos limitaram-se a enviá-los para centros de reeducação, ainda que saibamos o que isso representou. Os talibãs não esperam reeducar ninguém, usam o assassinato sumário como forma expedita de saciarem a fé e o ódio que a alimenta.

Não são patriotas, são jihadistas do mais implacável dos monoteísmos, trogloditas que a tribo e o Corão formataram, fanáticos que não deixam adversários vivos nem permitirão às mulheres quaisquer direitos.

É ocioso repetir que foram criados pelos EUA, durante a guerra fria, para combaterem a URSS. Agora não são os EUA que apoiam, é a China que os usa na luta pela hegemonia planetária, numa zona geoestratégica, até os ter como inimigos. As grandes potências são idênticas nos crimes que cometem.

Hei de voltar a este dramático tema. Hoje, limito-me a deixar aqui um texto que escrevi em 17-05-018:

"Não me venham com esses argumentos...

Estou farto de que me rebatam com as agressões imperialistas a países islâmicos, com o saque de que são vítimas, as malfeitorias dos EUA e de Israel, a cumplicidade europeia e muito mais, para tolerar uma ideologia totalitária e criminosa – o Islão político.

Tenho denunciado esses crimes, mas não os aceito como argumentos para um cómodo silêncio sobre o mais implacável dos monoteísmos e a sua demencial fúria prosélita.

Aliás, gosto da Constituição dos EUA e em Israel aprecio a igualdade de género que não existe em nenhuma outra teocracia, seja o Vaticano, a teocracia monástica ortodoxa do Monte Athos e as islâmicas, e não preciso de censurar tais Estados para acusar o perigo muçulmano.

Exijo a todas os devotos o respeito pela laicidade. Sei da História o suficiente para ter o dever de combater a influência das religiões nos aparelhos de Estado, num regresso em que o oportunismo dos políticos europeus trai a laicidade e compromete a democracia.

Há um maniqueísmo intolerável que leva pessoas de esquerda a conformarem-se com a deriva totalitária do Islão, leviandade e masoquismo de quem vê amigos nos inimigos dos seus inimigos e cala atrocidades contra inocentes, os tiques patriarcais, a violência tribal e a eterna humilhação da mulher.

O dever que a Europa tem de receber refugiados é incompatível com a condescendência no desprezo pelo seu ethos civilizacional. Os direitos humanos, a igualdade de género e a liberdade de expressão não podem ficar à mercê de idiossincrasias religiosas.

A Europa, depois de derramado demasiado sangue, conquistou o direito às crenças, não-crenças e anti-crenças, através da repressão ao clero. Não pode agora consentir crimes, chantagem ou violência de qualquer religião, sob pena de permitir retaliações de outras, autóctones, numa espiral de violência que foi apanágio de épocas passadas.

Proteger os crentes não é aceitar as crenças. O Islão político e os dignitários devem estar sob vigilância, para não sermos imolados, e, em vez de combatermos as crenças, sermos obrigados a enfrentar os crentes.

O ressurgimento de um catolicismo agressivo, ligado a partidos fascizantes, já anda aí a governar na Europa, em vários países, talvez vingando a indiferença com que deixamos bramir ulemás, xeques, mulás e outros marginais, contra os infiéis, na conceção desses trogloditas, homens e mulheres cosmopolitas e livres-pensadores. Nós."

Comentários

Manuel Galvão disse…
Por outras palavras, os povos só têm o direito de decidir o seu próprio destino, se quizerem ser democracias de inspiração anglo saxónica. Caso contrário é legítimo que sejam ocupados militarmente...

Quer queiras quer não queiras, vais para bombeiro voluntário!

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