Reflexão sobre o comportamento do PR
O PR, com a complacência dos média, transformou-se em máquina de ruido e, no seu irreprimível tropismo para microfones e câmaras de TV, fonte de perturbação política em período pré-eleitoral.
Nenhum jornalista o confronta com sucessivas
desconsiderações de que tem sido alvo e pela obsessão do comentário político.
Na deslocação ao Brasil para felicitar o ‘irmão’ eleito, foi
enxovalhado por Bolsonaro, o abrutalhado PR que, na tomada de posse, o despediu
sumariamente. Sofreu o vexame de Cavaco, da mesma escola de boas maneiras, quando
abandonou a cerimónia da tomada de posse do seu segundo mandato, sem o
cumprimentar.
Nestes casos não foi Marcelo quem ficou mal na fotografia,
foram os que o ofenderam, ninguém está livre do coice de um solípede, mas devia
ter aprendido a ser cauto. Foi sua a culpa em oferecer-se para entregar um
prémio atribuído a Alberto João Jardim, sem o ter consultado, quando da
comemoração do 45.º aniversário da Assembleia Regional da Madeira, dando azo a
que ele o humilhasse, ao recusar publicamente recebê-lo das suas mãos.
Incauto, regressou ao Brasil na inauguração da Biblioteca da
Língua Portuguesa, o que poderia ter sido feito pelo MNE, e Bolsonaro, que já o
havia desconsiderado na tomada de posse, preferiu a presença numa concentração
motard de negacionistas das vacinas à Biblioteca. Foi hábil e certeiro no
comentário, só dança quem está na roda, mas já não podia recuar na
visita ao PR que o recebeu sem máscara para, segundo a PR portuguesa, discutir
em conjunto, entre outros assuntos que também não são da sua competência, “a
reciprocidade de reconhecimento das vacinas usadas em ambos os países”.
O voluntarismo coloca-o em situações incómodas que a imprensa
minimiza, e o exagero da sua loquacidade opinativa causa danos na governação e
perturba a opinião pública.
A descabida cobertura ao Governo Regional da Madeira, que
generalizou a vacinação a jovens dos 12 aos 15 anos, ao arrepio da opção
nacional, declarando: “Tem de se deixar correr o tempo e ter paciência para que
aquilo que é bom neste momento na Madeira venha a ser considerado também nos
Açores e no continente”.
Esta afirmação, feita com ar entre o desolado e o resignado
foi pressão indevida sobre a diretora geral de saúde e o Governo, a quem,
respetivamente, cabe a decisão técnica e a política, o que levou a jornalista
Ana Sá Lopes (Público, 7-8-2021) a acusar a Dr.ª Graça Freitas de falta de
clareza sobre a vacinação de adolescentes e, em dia de parca inspiração, a interrogar-se
em Editorial, a propósito do camuflado do almirante Gouveia e Melo, se voltou o
Conselho da Revolução.
Não contente com a sapiência técnica, ainda acrescentou “Eu andei a pregar no deserto durante umas semanas, ou meses, acerca da utilidade das máscaras...”, pregação de que só o próprio PR se recorda e de que não há registos.
Tem sido excelente a promover as vacinas e péssimo a dar a
estratégia de combate à pandemia.
Enfim, para bem da sua imagem e benefício do País, era benéfica uma certa contenção.
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