Marques Mendes e outros bruxos, quiromantes e lançadores de búzios

Ontem foi um fartar vilanagem contra o PCP e o BE pela primeira leva de comentadores que surgiram nas TVs a explicar o que todos vimos, com reincidência no dia de hoje.

Para atacar António Costa esteve Ana Gomes, referida como sendo da área do Governo, ao serviço dos neoliberais do PS, enquanto resguardam Francisco Assis, Sérgio Sousa Pinto, Henrique Neto e outros ressabiados do PS. Os trânsfugas e adversários internos aguardam o momento de glória para se vingarem e serem vistos e ouvidos em casa.

Os panegiristas do PR justificaram a imprudência, ao ter anunciado as eleições antes do chumbo do OE-22, ninguém acreditava e o PR não tinha outra alternativa, o que é falso. Aproveitaram para dizer que Marcelo, embora tivesse obrigação de dizer a Rui Rio que recebia Rangel, recebe quem quiser, a ética tem dias, Marcelo não tem de esconder as preferências nem os protegidos. Já lhe basta Nuno Melo valer tão poucos votos.

António Barreto não faltará a zurzir tudo o que estiver à esquerda da ala neoliberal do PSD e não deixará de fazer campanha a favor de Rangel, o líder dos eurodeputados com piores resultados de sempre, PSD - 6, PS-9, BE-2, PCP-2, PAN-1 e CDS-1, Nuno Melo, agora a lutar pela vaga improvável em Lisboa no partido em comissão liquidatária.

Apesar de os vários partidos defenderem a necessidade urgente das eleições, 9 ou 16 de janeiro, com a esmagadora maioria a apontar o dia 16, os comentadores afetos a Belém e a Paulo Rangel já fazem campanha pelo dia 30 de janeiro ou mesmo fevereiro. O PR dará explicações para tudo e, se não convencerem, Marcelo tem outras.

Os próximos dias são para preparar o país para a possibilidade de derrotar as esquerdas e, durante a campanha, unir toda a direita para que possa ter mais votos do que o PS. A chantagem já começou com um apelo à obrigação de o PS apoiar a direita, para evitar o partido fascista, como se a direita o dispensasse, depois do precedente nos Açores.

Ninguém duvide da violência mediática contra a esquerda em geral e António Costa, em particular. Não será mais urbana do que há seis anos, quando Cavaco ululava anátemas, devorando sais de fruto a debelar a azia do Governo apoiado por toda a esquerda, que o velho salazarista fora constrangido a empossar.

Já então, Marques Mendes e os habituais comentadores intrigavam, em sintonia com os jornais, enquanto as redes sociais faziam eco dos despautérios da direita mais jurássica e Cavaco e Passos Coelho apregoavam o apocalipse que lesaria Portugal se, casualmente, tal dupla merecesse crédito para lá de Vilar Formoso.

Enquanto se repete que o PR falará ao País na quinta-feira, como se não fosse habitual, várias vezes ao dia, todos os dias, e os vassalos promovem Rangel contra Rui Rio, vale a pena revisitar as capas dos jornais de há seis anos, já que as profecias do bruxo e dos avençados habituais se perderam no tempo e ruído da intoxicação da opinião pública.


Comentários

Jaime Santos disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaime Santos disse…
Pois eu considero que por vezes, Marques Mendes diz coisas acertadas. Em primeiro lugar, se há o precedente de Sampaio ter dado em 2002 tempo suficiente a Ferro Rodrigues e ao PS para arrumarem a casa, MRS deve igualmente dar esse tempo a PSD e CDS para fazerem o mesmo, e considero que as tentativas de Rio e de Chicão de meterem as eleições internas na gaveta são uma cobardia.

Mais importante do que isso, se as eleições forem a 16 de Janeiro, a pré-campanha terá lugar durante o período natalício e não será particularmente esclarecedora.

E os Partidos de Esquerda têm assim tanto medo de Rangel ou Melo? O primeiro é um trauliteiro em campanha e está acompanhado pelos troikistas Fernando Alexandre e Miguel Poiares Maduro. O segundo é uma versão menos capaz de Ventura...

Quanto ao resto, o que dizer da 'análise' de um Louçã (acompanhado por outras pessoas à Esquerda) que acusam António Costa de ter provocado eleições antecipadas? Querem sinceramente que acreditemos que o PM causa uma crise política em cima de uma crise sanitária, econômica e social, para ir para eleições de resultado incerto, sobretudo tendo em conta a presente crise energética e dos combustíveis?

Costa, se assim fosse, não somente não teria um pingo de patriotismo, como também teria que ser um néscio.

Meus senhores, vão morrer longe!

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