PSD – a disputa de Rangel a Rui Rio
A vitória de Rui Rio sobre Rangel é uma colossal derrota do aparelho do PSD perante os militantes do partido. Bastou uma sondagem, que mais parecia um palpite, da TVI, já com chancela da CNN, para intimidar os sindicatos de voto de Rangel e deixar livres os eleitores.
A moderação de Rio foi a única vantagem que exibiu sobre o
seu acarinhado adversário. Com a derrota, Rangel volta para Bruxelas a acabar o
mandato, a difamar o Governo e a defender as posições mais à direita, mas
arrastou consigo a plêiade de figuras públicas e figurões que não toleram a Rui
Rio a sua autonomia. Até a lei da eutanásia voltará a ser aprovada, depois de o
PR ter pretextado outra reavaliação pela próxima legislatura.
Amanhã nenhum jornal dirá que o PR foi o grande perdedor e
que será obrigado a tecer a Rui Rio as loas de que precisa para proteger o
partido ao serviço do qual interfere nos outros órgãos de soberania.
Para o PS foi um resultado prejudicial, sobretudo agora,
quando na próxima legislatura seria uma utopia contar com os partidos que lhe
chumbaram o OE-2022 na presunção de que fariam agora o que recusaram antes, e a
vitória sobre Rui Rio, a existir, será sempre mais moderada do que sobre Rangel.
Relevante é evitar que se quebrem as hipóteses de reproduzir o apoio
maioritário de esquerda a futuros governos de outras legislaturas.
Hoje vai ser uma noite de insónia para Miguel Relvas, Marco
António, Passos Coelho, Luís Filipe Meneses, Carlos Moedas e Marcelo Rebelo de
Sousa. O obscuro e poderoso líder da distrital de Lisboa é outro derrotado, o
tal que considerava Rui Rio de esquerda, ao contrário de Carlos Moedas, o que
esqueceu quem o propôs para apanhar o comboio dos notáveis ao lado do eterno
perdedor, Paulo Rangel. A tralha cavaquista foi esmagada.
Vai ser bonito ver os líderes distritais que apostavam em
Rangel e no apoio presidencial a justificarem-se aos eleitores que os desautorizaram
e a quem tinham recomendado o candidato perdedor.
Até o antigo sátrapa da Madeira, que apoiou Rui Rio contra Rangel,
se vingou de novo do PR, com quem recusou encontrar-se na Madeira. Apoiou o
candidato de quem o PR não pode dispor.
Tem razão para comemorar com mais umas ponchas.
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