TVI – As sondagens, a luta pelas audiências e a luta pelo poder
O colosso informativo CNN é agora o logotipo de empréstimo à TVI, um canal dado à Igreja católica por Cavaco Silva na mais leviana das decisões que o poder discricionário permitiu ao jovem salazarista que a democracia reciclara.
A TVI era a pior candidatura, aquela cuja estrutura acionista,
projeto e capitais próprios menos recomendava, e a que mais prometia em indulgências
a quem a ajudasse, embora dos dividendos não haja notícia e das próprias
bênçãos se desconfie. Acabou falida, com os suplementos de alma, «as boas
ações», promovidas nas missas, a evaporarem-se por entre prejuízos que os
paramentos não puderam tapar.
Mário Castrim, escritor, católico e notável crítico de
televisão fez sobre a TVI o mais implacável e certeiro diagnóstico, «nasceu na
sacristia e acabou na sarjeta».
A CNN é excessivamente grande para a deixar sucumbir e a TVI
pequena demais para arruinar o prestígio da patrocinadora, mas já deu sinais de
que o grande capital não veio para conquistar apenas quotas de mercado e anunciantes,
mas eleitores e decisores políticos, no fundo, para defender os interesses do
capital. Resta saber de quem.
As primeiras sondagens eleitorais saíram canhestras, mas não
nos iludamos com o balão de ensaio que ameaça subverter a vontade do volúvel
eleitorado. As sondagens alteram mais o voto do que as intenções dos votantes. Continuarão
ao sabor dos seus interesses.
Não se pode dizer que a qualidade jornalística melhorou na
TVI, mas a capacidade de influência não tardará a fazer-se sentir nos dois
meses que aí vêm. Até Belém parece ter sido posto de parte.
O melhor produto, para já, é a propaganda.
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