Notas Soltas – novembro/2021

COP26 – São necessárias medidas drásticas para mitigar as alterações climáticas, mas o mito do crescimento perpétuo e a necessidade de manter modelos de bem-estar pode conduzir a um rotundo fracasso e à inabitabilidade do Planeta para gerações futuras.

Eleições legislativas – O PR ignorou a urgência que alegou, ao adiar a data de 16 para 30 de janeiro, numa decisão hostil a Rui Rio e a favor de Paulo Rangel. Não resistiu a escolher o líder do PSD e a ser o ideólogo da sua ala mais conservadora. Perdeu.

ONU – A capacidade de persuasão do seu secretário-geral, António Guterres, superou largamente o poder da mais importante instituição mundial na dramática questão do aquecimento global, deixando sem argumentos os que desprezam o futuro do Planeta.

PR – O infeliz anúncio prévio de eleições, no caso de chumbo do OE-2022, alienou as alternativas, a isenção e capacidade de intervenção. Se o quadro parlamentar se repetir, será responsável por eleições inúteis, e terá explicações a dar ao País.

Explosão demográfica – O contínuo aumento populacional do Planeta, de que deixou de se falar com regularidade, exige reservas de água, oxigénio e solos aráveis que cada vez mais se esgotam, enquanto o consumo não para de aumentar nos países ricos.

Reino Unido – Os acordos para regularem o “Brexit” e a cooperação económica, têm sido incapazes de resolver o problema das pescas e da fronteira entre as Irlandas, duas divergências insanáveis entre europeus e britânicos com gravíssimos prejuízos mútuos.

Brasil – Sergio Moro, o ex-juiz venal, pérfido e corrupto, forjou provas para prender Lula da Silva e impedi-lo de vencer Bolsonaro, para este o nomear Conselheiro ou ministro. Agora concorre a PR e, em vez da cadeia, pode chegar ao Palácio Planalto.

Migrações – A brutal pressão migratória da Bielorrússia é uma provocação à Polónia, fronteira oriental da UE, incitando uma crise geopolítica e uma gravíssima catástrofe humanitária. UE e EUA concertam sanções para isolar o regime de Lukashenko.

China – Uma exótica Resolução do Comité Central do PCC endeusou Xi Jinping ao nível de Mao e Deng, e perpetua-o no poder. A ditadura, submetida ao poder pessoal do líder, tem contornos mistos de despotismo iluminado e de teocracia evangelista.

UGT – A saída de Carlos Silva da liderança da central sindical não é uma perda, é um alívio. A sua hipoteca a Ricardo Salgado manteve-o sob suspeita. Espera-se que o seu substituto saiba merecer a confiança dos trabalhadores filiados na UGT.

COP26-1 – O acordo climático ficou muito aquém do que é necessário para salvar o Planeta e garantir a vida às gerações futuras. Superou as mais otimistas previsões, mas é escasso no processo em que o recuo é suicídio e uma hesitação a tragédia anunciada.

COVID-19 – A exacerbação da pandemia e as trágicas consequências só não atingem valores letais e números de internamento incomportáveis graças à vacinação, que teve uma excelente equipa a promovê-la e portugueses com invulgar civismo a acolhê-la.

Áustria – É o primeiro país europeu a decidir a vacinação obrigatória contra a Covid. Urge lembrar a quem a condena que a alfabetização, as normas de higiene e as vacinas são exigências civilizacionais e de saúde pública que os negacionistas contestam.

Madeira – O fanatismo autonómico dos partidos da AR permitiu exageros legais, e o dos presidentes da RA excede a legalidade e a decência. A República não pode admitir violações da CRP nem chantagens que debilitem ou ultrajem a coesão nacional.

Bielorrússia – O transporte de migrantes até à fronteira europeia, sobretudo através da Polónia, difícil sem a conivência de Putin, insere-se na guerrilha geopolítica contra a UE. É um teste ao dever de acolhimento e uma chantagem para concessões à ditadura.

Açores – O PSD podia ter sido governo sem se coligar com dois deputados do partido fascista. Um saiu e continuou a apoiá-lo e o outro foi fiel, até que o Governo Regional ficou refém. O PSD governa agora os Açores sob chantagem e refém do Chega.

Eletricidade – Após a desativação da central de Sines, em janeiro, o fecho da Central do Pego pôs fim à queima de carvão para produção elétrica. O combate à poluição tem alto valor simbólico que urge saudar e deve regozijar os portugueses.

Alemanha – O acordo entre social-democratas, verdes e liberais põe fim à hegemonia dos conservadores, mas não será muito diferente a orientação do Governo que teve na CDU uma grande estadista. É europeísta e dificulta o regresso à direita monetarista.

Parlamento – O anúncio da saída de Ferro Rodrigues e de Jorge Lacão, políticos cuja vida se confunde com o PS, foi um momento de rara emoção na AR, de onde figuras carismáticas se afastam depois de uma vida de serviço público e luta pela democracia.

PSD –Rio venceu pela terceira vez eleições diretas, contra Santana Lopes, Montenegro e, agora, Paulo Rangel. Derrotou o aparelho partidário, Relvas, Marco António, Passos Coelho, Filipe Meneses, Carlos Moedas e Marcelo. A tralha cavaquista foi esmagada.

CDS – É penoso ver um partido fundador do regime democrático a desaparecer e cada vez menos democrático. Depois da saída do fundador, a falta de convicções levou à abertura de espaço para o partido abertamente fascista e em rápida ascensão.

Marcelo Rebelo de Sousa – Em sintonia com a Conferência Episcopal Portuguesa, o PR decidiu devolver de novo à AR, para ser apreciada na próxima legislatura, a Lei da Eutanásia. Invocou dúvidas políticas, mas foi o devoto que a vetou num país laico.


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