Eleições legislativas / 2022 – O PSD foi buscar lã e veio tosquiado?

Com a apatia nacional perante o apuramento dos votos no círculo eleitoral da Europa, onde se repetiram as eleições, é possível que o PS venha a conquistar os dois mandatos, que não alteram substancialmente a geometria eleitoral da próxima legislatura.

O que há de novo, a confirmarem-se os resultados, é a humilhação do PSD, humilhação que se esforçou por merecer.

Os votos por correspondência, sobretudo os da emigração, de difícil verificação, foram sempre alvo de dúvidas, além de ser desolador assistir à diminuta participação de tão grande número de recenseados.

Por isso, ao arrepio da legalidade, houve um consenso de todos os partidos com assento na AR, repito, de todos, para considerar válidos todos os votos, ainda que não viessem acompanhados da fotocópia do cartão de cidadão de cada um dos respetivos eleitores.

Por mais censurável que fosse o acordo, a repetição do ato eleitoral levaria ao descrédito do voto dos emigrantes, à desmobilização de quem se empenhou em votar e à dilação da tomada de posse dos deputados na nova legislatura, além do enorme custo financeiro e da falta do novo governo num dos períodos mais incertos e trágicos da Europa.

Ora, aconteceu que o PSD, que sempre dividiu com o PS os dois deputados eleitos pelo círculo da Europa, resolveu arrepender-se do acordo aprovado com os outros partidos, e, surpresa, apresentou queixa no Tribunal Constitucional que, como não podia deixar de ser, mandou anular e repetir as eleições.

Parece que ainda procurou novo arrependimento, mas a queixa já era irreversível. Agora terá a justa humilhação da leviandade.

Não foi mérito do PS a conquista dos dois mandatos, foi a navegação errática do PSD, ao sabor do vento, que o encalhou na humilhação.

Diz o aforismo, «ir em busca de lã e vir tosquiado». Merece.        

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