Rússia / Ucrânia - 6 – “Devem ouvir-se igualmente ambas as partes” – (Demóstones, in Oração da Coroa, 330 a.c.)

Esquece-se que os atuais partidos fascistas da Europa foram ajudados por Putin, através de agentes seus, e por Trump, através de Steve Bannon, preso por fraude financeira, por desvio de fundos, e oportunamente indultado por Trump antes de dar lugar a Biden.

Assim, a violenta ofensiva mediática da extrema-direita na Europa passa despercebida, a propaganda substitui as notícias, o cidadão comum é privado de informação isenta, e o maniqueísmo destrói a convivência cívica de quem se revê nas democracias liberais da União Europeia.

Em Portugal continuamos a usufruir de liberdade de expressão, embora já constrangidos pelo histerismo coletivo que domina a maioria dos portugueses, incluindo intelectuais, habituados a exigirem provas, que agora pensam o que pensam, apenas porque sim, sem acolherem divergências, numa escalada de intolerância e de irracionalidade equivalentes à dimensão da tragédia ucraniana e à eficácia da propaganda.

A Nato ganhou esta guerra da informação, com a Ucrânia desfeita, a Rússia em vias de implosão, a União Europeia a caminhar para a ruína e irrelevância política, enquanto a China e os EUA, futuros rivais, aprofundam a sua supremacia.

Os dirigentes da UE preferiram continuar satélites a serem a voz das democracias contra as ditaduras e a reserva da ética, da liberdade e da paz. Anuíram à aliança dos EUA, RU e Austrália sem serem consultados, e são agora meros executores de interesses alheios.  

A Rússia já perdeu a guerra e assistirá ao insucesso do atual czar de todas as Rússias e à implosão do império que a extrema-direita e o capitalismo selvagem estabilizavam a partir de Moscovo. Há muitas nações, demasiadas etnias, múltiplas religiões e enorme diversidade de línguas no espaço desestabilizado que nos remete para a ex-Jugoslávia.

Surpreende-me ver jornalistas cada vez mais parciais, os propagandistas a substituírem a informação e o ostracismo das vozes discordantes. Surpreende-me que a RTP não oiça o seu o antigo correspondente em Moscovo e Washington, veterano de guerras recentes e experiente jornalista nas duas capitais que ora se digladiam: Carlos Fino.

Aos leitores deixo aqui o endereço da página do Facebook do referido jornalista: https://www.facebook.com/carlosfino1948

Espero afastar-me deste tema durante alguns dias, há mais mundo para quem traz ainda dentro de si a guerra colonial do que a guerra de que ignora as causas e cuja dimensão da tragédia o estarrece.

Garanto apenas que, hoje e sempre, corro o risco de estar enganado, mas jamais tentarei enganar alguém, e acredito que os divergem de mim podem sempre ter razão.

Saudações republicanas, laicas e democráticas. Até amanhã se eu quiser.

Comentários

JA disse…
Nos tempos que correm é bom encontrar alguma lucidez.
mensagensnanett disse…
Andar a falar em Putin para desviar as atenções, não obrigado!
--->>> duas mensagens de paz, nas quais, o Ocidental Hipócrita não está interessado.
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MENSAGEM 1
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Com um largo historial de roubo/saques a povos autóctones... os europeus do Ocidente deveriam ter a mensagem de paz, óbvia, para o povo da Russia:
- "ESTEJAM DESCANSADOS, NÓS NÃO VAMOS ROUBAR/SAQUEAR AS VOSSAS RIQUEZAS - TAL COMO FIZEMOS A POVOS AUTÓCTONES DA AMÉRICA DO NORTE, DO SUL, ETC -... NÓS VAMOS ASSINAR O MAIS ELEMENTAR DOS TRATADOS DE PAZ"!
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Isto é:
---> um tratado de paz que recuse o MAIS VELHO DISCURSO DE ÓDIO DA HISTÓRIA -> o ódio tiques-dos-impérios: o ódio a povos autóctones dotados da Liberdade de ter o seu espaço e prosperar ao seu ritmo.
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Pois, pois é: o Ocidente pretende cercar a Russia (um território imenso no planeta, com apenas 140 milhões de habitantes) com países da NATO...
e... o europeu-do-sistema a querer comer-nos por parvos!
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O discurso do europeu-do-sistema não mudou, continua igual:
--> autóctones Identitários são alvo de ódio... porque... os autóctones Identitários não estão interessados em:
1- negociatas de índole esclavagista: isto é, negociatas que pressupõem a existência de outros como fornecedores de abundância de mão-de-obra servil.
2- negociatas de índole colonialista: isto é, negociatas que pressupõem a substituição populacional de povos autóctones considerados economicamente pouco rentáveis.
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O cidadão de Roma da NATO ambiciona fazer na Russia... aquilo que já foi feito a povos autóctones da América do Norte, do Sul, etc
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-> Para o cidadão de Roma da NATO roubar/saquear territórios (em conjunto com sabotagens sociológicas: substituições populacionais, holocaustos massivos, etc) a povos autóctones...
... é uma herança universalista/multiculturalista!?!
[veja-se: América do Norte, Sul, etc]
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Mais:
- quando se fala na DEVOLUÇÃO de territórios a povos autóctones (que foram impedidos de ter tempo de prosperar ao seu ritmo)... o cidadão de Roma da NATO quer que essa devolução seja considerada 'racismo'!?!
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Sim: O OCIDENTE QUE DEVOLVA TERRITÓRIOS ROUBADOS!
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MENSAGEM 2
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Com um largo historial de roubo/saques a povos autóctones... os europeus do Ocidente deveriam ter a mensagem de paz, óbvia, para o povo da Russia, e não só:
- "URGE A IMPLEMENTAÇÃO DA TAXA TOBIN"!
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A implementação da Taxa Tobin vai permitir o desenvolvimento dos mais variados povos
... nomeadamente...
vai permitir que os mais variados povos possam desenvolver as mais variadas empresas, consequência:
- vão ser empresas autóctones a explorar as suas riquezas naturais... e não... multinacionais Ocidentais.
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P.S.
A Russia sabe que possui um vizinho, vulgo Ocidente, que gosta de roubar/saquear.
Se, em oposição ao cidadanismo de Roma da NATO,... a Russia apoiar a elaboração do MAIS ELEMENTAR dos Tratados de Paz...
----> A RUSSIA PODERÁ VIR A SER A LÍDER DO MUNDO LIVRE!
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SEPARATISMO IDENTITÁRIO; sim, óbvio!!!
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Os IDENTITÁRIOS SEPARATISTAS vão querer estar em coligação com a Russia
... e...
vão querer LIBERDADE/DISTÂNCIA/SEPARATISMO do cidadão de Roma da NATO.
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Sim:
- NA ORIGEM DA NACIONALIDADE ESTEVE O IDEAL DE LIBERDADE IDENTITÁRIO ("ter o seu espaço, prosperar ao seu ritmo")... não foi... o ódio tiques-dos-impérios do cidadanismo de Roma.
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SEPARATISMO 50-50:
-> os globalization-lovers, UE-lovers, etc, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
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-» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com
méri disse…
"Carpe Diem" Amigo Carlos Esperança! Obrigada pelo que nos escreve e até quando quiser.
Méri Almeida
F. Rodrigues disse…
Identifico-me com quase tudo o que escreve, sou leitor assíduo deste seu blog e sigo-o no FB. Não concordo porém com o que aqui diz sobre as supostas ligações de Putin à extrema-direita, a meu ver, mais uma narrativa fabricada a ocidente para tentar desacreditar o presidente russo e esconder o que de mais obscuro se passa com os aliados europeus da fronteira leste da Europa.
Putin é um autocrata, na velha tradição russa, mas não é um fascista nem gosta de neonazis. Bem pelo contrário, os neonazis que vão florescendo por essa Europa fora assumem-se como seus jurados inimigos mortais, unidos pelo mesmos sentimentos: anti comunistas, anti judeus, anti negros e anti russos. E quando Putin fala em "desnazificar a Ucrânia", não deve ser desconsiderada esta sua pretensão.
É verdade que o golpe de 2014 (da praça Maidan), que derrubou o presidente (legitimamente eleito) Yanukovitch contou com a ação decisiva de grupos assumidamente nazis muito bem organizados e treinados para o efeito, e que contaram com o apoio explícito dos EUA - o republicano McCain participou em comícios do Svoboda, o partido ucraniano ultranacionalista dominado por grupos nazis, com destaque para Pravy Sektor (conhecido no ocidente como "Right Sector"); e a diplomata Viktoria Nuland, então secretária de estado de Obama, foi fotografada na praça Maidan a distribuir prendas aos "revoltosos".
E desde 2014, sob o governo Zelensky, a influência dos nazis na Ucrânia tem-se mantido. Ativistas neonazis e nacionalistas de extrema-direita ocupam hoje cargos estratégicos no estado ucraniano, e tem sido constante a perseguição e prisão de políticos considerados pró-russos, tal como a ação militar contra as populações russófonas do Donbass, em que se destaca o famoso batalhão Azov, formado por nazis. É esta Ucrânia que tem vindo a ser armada até aos dentes pelos EUA e pela OTAN, para fazer esta "guerra por procuração".
Até a insuspeita historiadora Raquel Varela, num dos últimos artigos de opinião que publicou, escreve que:
"...a Ucrânia é a base de treino militar europeu da extrema direita. Ao lado está a Polónia, cujo governo, apoiado pela extrema-direita, recebe agora o apoio militar da União Europeia e da OTAN, e que anunciou há dois meses a construção de um muro contra os refugiados. Pouco antes tinha-se aí realizado a conferência europeia da extrema direita".
F. Rodrigues disse…
Complementando ao meu comentário anterior, deixo o link para a notícia que acabo de ler, publicada ontem no jornal "Expresso", que de certo modo confirma o que eu disse.

https://expresso.pt/guerra-na-ucrania/2022-03-12-Qualquer-dia-e-um-bom-dia-para-morrer-os-neonazis-portugueses-que-querem-combater-na-Ucrania-05232c2e

Acho que, se Putin não conseguir fazer valer as suas reivindicações - não adesão da Ucrânia à OTAN, o reconhecimento definitivo da Crimeia como território russo, e o fim efetivo das hostilidades da Ucrânia contra as regiões separatistas do Donbass - então passaremos a ter um grande problema que, a meu ver, conduzirá (desgraçadamente), ou a uma guerra nuclear, ou a uma derrota russa através de um eventual derrube de Putin, mas deixando a Ucrânia cada vez mais nas mãos da extrema-direita, ao lado da Polónia e da Hungria. E aí sim, teremos a verdadeira ameaça ao que resta da democracia na Europa.
F. Rodrigues,

Também não divirjo muito do seu bem elaborado comentário, que agradeço.

Penso que Putin tem no czarismo o seu modelo e tenho procurado compreender as origens da tragédia ucraniana num ambiente de intolerância e histerismo que contaminou as democracias liberais da Europa.

Fazem-me refletir os apoios de Putin aos partidos de extrema-direita europeus e a reciprocidade destes, agira divididos no apoio à Ucrânia. Até o partido autóctone se dividiu com o chefe a apoiar tardiamente a Ucrânia e o vice-presidente a apoiar a Rússia.

Assusta-me o maniqueísmo que exclui da compaixão os russos, incluindo os que fogem de Putin.

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