Notas Soltas – fevereiro/2022

Guiné-Bissau – A alegada defesa da civilização cristã e ocidental, com que a ditadura pretendeu justificar a guerra colonial, gerou países onde a droga, o tráfico de armas e os golpes de Estado se sucedem, enquanto o Islão contamina as tribos locais.

Açores – O Tribunal da Relação obrigou o de primeira instância a julgar José Manuel Bolieiro, presidente do Governo da RAA, por insolvência culposa, depois de ter usado o privilégio de membro de Conselho de Estado para evitar a sua audição presencial.

Eleições legislativas – Apesar da retumbante vitória do PS, muito penalizadora do BE e PCP, o País virou à direita, tendo a esquerda perdido 9 deputados. PCP e BE ficaram reduzidos, favorecendo o partido fascista e o neoliberal radical. E baniram o CDS.

IL – A reivindicação de sentar os deputados entre o PSD e o PS, sendo o partido mais extremista dos neoliberais europeus, é a reincidência leviana de quem organizou um arraial popular, de propaganda partidária, nos piores tempos da pandemia.

CDS – Após a democracia, que os militares de Abril legaram, quatro grandes partidos representaram os eleitores na AR. O CDS é o primeiro a desaparecer, e vai fazer falta, apesar de Nuno Melo e Manuel Monteiro o terem aproximado da extrema-direita.

PCP – A erosão eleitoral torna mais pobre o debate político e faz falta ao equilíbrio democrático quando a extrema-direita e o radicalismo neoliberal ameaçam, respetivamente, a democracia e a justiça social.

CHEGA – Propôs para vice-presidente da AR o ex-militante do MDLP, grupo armado fascista, e elegeu, em Benavente, uma vereadora, condenada por compra de sucata roubada. Esta, talvez julgasse que os antecedentes criminais eram exigidos no partido.

Espanha – O VOX, partido fascista homólogo do português, é a ameaça à democracia que a transição pacífica deixou incubar, e irrompe graças à impunidade de que gozou o franquismo. Em Castela Y Leão está à beira do Governo com a cumplicidade do PP.

UE – O TJE negou provimento a recursos da Hungria e Polónia contra o regulamento que permite a suspensão dos fundos europeus a países cuja fragilidade do Estado de direito ponha em perigo a gestão adequada. A jurisprudência protegeu as democracias.

Eleições legislativas – Os atropelos à Constituição e o acordo de cavalheiros (todos os partidos) que não o foram, levou o TC a mandar repetir eleições na Europa, com grave prejuízo para o País e maiores suspeitas sobre a fiabilidade dos votos dos emigrantes.

Espanha – Pablo Casado, o líder, e Isabel Díaz Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid, destruíram o PP na guerra pela liderança. O VOX, partido fascista, subiu nas sondagens e o PSOE pode tornar-se o partido charneira da democracia em risco.

PP espanhol – A demissão inevitável do líder, acossado pelos barões, abandonado por todos, teve o epílogo na pungente demissão de um homem solitário no Parlamento. As alianças que normalizaram o VOX retiraram-lhe credibilidade.

Rússia – O apoio expresso de Bolsonaro, Marine Le Pen e Trump definem a natureza do regime onde se refugiaram os oligarcas ucranianos. A invasão, friamente preparada, à espera do pretexto, que surgiu, derrotou os democratas internos que contestam Putin.  

Estado português – Convém lembrar aos media e ao PR que a definição da política externa é reserva exclusiva do Governo, não cabendo aos outros órgãos de soberania a definição e, muito menos, a interferência, como expressamente a CRP exige. 

ASJ – O Presidente da Associação Sindical dos Juízes critica as leis e os deputados. Que sucederia se deputados ou governantes criticassem a jurisprudência, como o sindicalista da exótica ASJ o faz às decisões de outros órgãos de soberania?

PEV – Podia ser o grande partido ecologista se não tivesse sido satélite do PCP. Não é agora, já fora da AR, que a sua posição divergente na invasão da Ucrânia lhe permitirá afirmar-se no terreno que o Livre e o PAN já ocupam.

Igreja católica – Começa em França a “reparação” das vítimas de pederastia, e uma comissão independente, financiada pela Conferência Episcopal, “acompanhará” as vítimas e avaliará as reparações.

Putin – É o nacionalista que faz a síntese de criminosos que o precederam no séc. XX, de Hitler, Franco e Mussolini a Mao, Estaline e Enver Hoxha. É um ditador frio e calculista, perigoso para o Mundo, que tem na Rússia imperial e nos czares o modelo.

Invasão da Ucrânia – Na guerra nunca há vencedores, mas há quem beneficie e quem se prejudique. A China, beneficiou na corrida à hegemonia global, enquanto a Ucrânia, a UE, os EUA, a economia mundial e os adversários de Putin foram derrotados.

Estagflação – A estranha coincidência de estagnação e inflação é a sombra que paira na UE. Em Portugal, depois da peste e da guerra, a seca ameaça trazer o pior período económico da democracia, sem que possa evitar a dramática conjugação.

Heroísmo – Só dois grupos de pessoas merecem a minha admiração, não os regimes, os russos que se manifestam em Moscovo contra a invasão da Ucrânia e os ucranianos que resistem ao domínio das tropas agressoras.

Armas nucleares – Durante a Guerra Fria, Gorbachev e Reagan acordaram eliminar as de curto e médio alcance, que ameaçavam uma guerra mundial sem tréguas. Há três anos, a relativa segurança foi eliminada por Trump, que renunciou ao acordo.

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