Maria Francisca Isabel de Bragança, Infanta de Portugal, duquesa de Coimbra, casou-se no sábado com um Duarte plebeu.
Quem é a família da noiva casada na presença dos filhos do
Grão-Duque do Luxemburgo, dos representantes das famílias reais do
Liechtenstein e da Bélgica, a realeza dos pequeninos, e da ignota nobreza
italiana e dos países do sul?
Os súbditos conhecem-lhe o pai: Duarte Pio João Miguel
Gabriel Rafael de Bragança. Parece uma lista avulsa de nomes, mas é um rol com
que o titular exibe a ascendência miguelista. Por lei é apenas Duarte Pio de Bragança,
amputados o João e três arcanjos com que se ornavam os príncipes da Casa de
Bragança.
E o avô: Duarte Nuno Fernando Maria Miguel Gabriel Rafael
Francisco Xavier Raimundo António de Bragança, imigrante em Portugal em 1953,
três anos depois de a Assembleia Nacional ter revogado a lei do banimento, por
ordem do ditador Salazar e interferência dos monárquicos fascistas. No regresso
foi-lhe cedida uma residência disponibilizada pela Fundação da Casa de Bragança
com a autorização do déspota, monárquico por convicção e ditador por vocação.
O pai é, pois, o descendente da família pouco estimável, de
que a própria monarquia se libertou, por higiene política, quando D. Miguel I
foi derrotado, exilado e banido do País, assim como os seus descendentes.
Quando nasceu, sob a lei do banimento, foi logo batizado,
tendo como padrinho, por procuração, o Papa Pio XII o Papa de Hitler, como
ficou conhecido, mais dedicado aos nazis e às Concordatas do que à família
banida do Sr. Duarte Nuno, seu pai.
O Sr. Duarte Pio, mulher e filhos são cavaleiros ou damas da
«Soberana Ordem Militar de S. João de Jerusalém, de Rodes e Malta», conforme o
sexo.
Se os portugueses aloucassem, voltariam a ter, pela graça de
Deus, um Rei de Portugal e dos Algarves d'Aquém e d'Além Mar em África, Senhor
da Guiné e do Comércio, da Conquista e da Navegação da Etiópia, Arábia, Pérsia
e Índia, Senhor Fidelíssimo, etc.
Tais títulos e a varíola foram erradicados e da sereníssima
Casa de Bragança resta uma fundação. No passado foi instituição de geometria
variável que começou a encolher com D. João II, escusava de ter degolado o seu
3.º duque, e que sofreu, ao longo da História, as vicissitudes políticas de
quem detém o poder. O presidente vitalício, agora regente da República, tem o
mandato suspenso, incompatível com as funções de PR.
O reino de Portugal fez-se representar no convento de Mafra
por varões de alto nível e leveza ética. Na missa cerimoniada pelo cardeal Dom
Clemente estiveram presentes o Condestável do Reino, Dom Marcelo, que lamberia
a mão à noiva, e outros vassalos, Dom Barroso e Dom Moedas do Banco Goldman
Sachs, Dom Santana Lopes e Dom Passos Coelho, o barão de Mafra e Dom Miguel
Albuquerque, em representação de Portugal D’Aquém e D’Além Mar.
O povo não se empolgou, e o País não morreu de vergonha
porque prefere morrer a rir.
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