LUTERO – 506.º aniversário das Teses de Lutero – 31 de outubro de 1517
Há 506 anos, Martinho Lutero enviou as famosas 95 Teses anexadas a uma carta a Alberto de Mainz, Arcebispo de Mainz, tornando-se este monge agostiniano na principal referência da Reforma Protestante.
Ter posto em causa dogmas da Igreja católica e, sobretudo, a
autoridade do Papa, foi a heresia que fez mais pelo progresso e pela
emancipação do pensamento do que todas as verdades aceites até aí.
É hoje irrelevante que o Paraíso se possa comprar a retalho
ou por junto, que os pecados possam ser perdoados em euros ou em orações, que o
Papa seja infalível ou mero CEO de uma multinacional da fé. A heresia é sempre
mais fecunda do que qualquer verdade absoluta. E a forma de conquistar o
Paraíso, para os que sonham com uma vida para além da única e irrepetível que
nos cabe, é mera opção de quem tem fé.
Depois de Lutero, excomungado pelo Papa que viu prejudicados
os seus negócios com as indulgências e fugir-lhe a clientela, agora repartida
por outras obediências, a Europa ganhou o hábito de pensar e, sobretudo, a
capacidade de contestar as ideias feitas.
Lutero não perdeu os tiques autoritários do clero nem se
curou do antissemitismo que o cristianismo transporta ao atribuir aos judeus a
morte do seu Deus, mas transmitiu para o futuro o espírito crítico como hábito
e a reflexão como método.
Não cabe a um ateu julgar o intelectual que abriu novos
caminhos à fé, mas enaltecer o homem que acabou por abrir novos horizontes para
a razão.
Lutero, de parceria com Calvino, são 2 vultos que se erguem
na História e influenciam determinantemente o início da Idade Moderna.
A Reforma, com a chamada 'ética do trabalho', precipitou a
expansão e consolidação da revolução burguesa no norte da Europa.
Ainda hoje na Europa estamos a pagar os efeitos nefastos da Contrarreforma
que varreu os Países do Sul, nomeadamente em Portugal onde Reforma não chegou e
a tragédia da Contrarreforma nos apanhou.
Devemos recordar a data que marcou a História e lembrar o homem que fez História.
Comentários