Efeméride – 30 de outubro de 1975
Há 48 anos, o maior genocida da História da Península Ibérica decidiu que Juan Carlos passasse a ser o chefe de Estado interino de Espanha, sob o pseudónimo de príncipe.
Francisco Franco fez da discricionariedade o método de
decisão e da violência a arma do poder vitalício. O terror que infundiu
condicionou o futuro de Espanha e o da posterior democracia cuja existência
nunca admitiu ou sonhou.
O assassino, que morreu confortado com todos os sacramentos
e rodeado de uma multidão de cúmplices do clero e das Forças Armadas, legou a
Espanha um descendente de uma extinta monarquia, que mandara educar nas
madraças da Falange.
A ditadura clerical-fascista extinguiu-se com a peçonha que
a criara, mas o fascismo e o clero que a apoiou manteve-se incólume e resiste ainda
nos paços episcopais, paróquias, Forças Armadas e policiais, órgãos do poder e
universidades.
A transição pacífica para a democracia poupou a Espanha a
aventuras sangrentas de que só a desesperada tentativa do “23-F” foi exceção,
sendo os cérebros, com escassos neurónios, os generais Milans del Bosch e
Alfonso Armada, condenados a 30 anos de prisão que só em parte cumpriram.
O fracasso do golpe de Estado, de que muito provavelmente
sairia chefe do Governo o general Alfonso Armada, foi atribuído ao alegado
repúdio do rei. Foi uma excelente ideia para salvar a monarquia, mas não é
crível que o general Alfonso Armada, que previamente informou os EUA e o
Vaticano, cujas reações se desconhecem, encabeçasse um golpe contra o seu
ex-pupilo. As cumplicidades civis não foram investigadas e só o líder
franquista dos “sindicatos verticais”, Juan García Carrés, foi preso.
Enquanto se procuram silenciar as notícias sobre as valas
comuns, onde jazem as centenas de milhares de vítimas do franquismo, fria e
metodicamente assassinadas, depois de consolidado o poder contra a República
democraticamente sufragada, a monarquia, metida à sorrelfa na Constituição, continua
em Espanha.
Os reis de Espanha são os chefes de Estado que o genocida
escolheu e impôs.
Hoje, 48 anos depois de um dos últimos atos discricionários
do sociopata que deteve o poder durante décadas, não podemos deixar de execrar
o último ditador peninsular e denunciar as condições em que a monarquia foi
reinventada.
Viva a República!
Comentários