Viva a República!

HOJE, 113 anos volvidos sobre a implantação, com a Câmara de Lisboa e o Palácio de Belém ocupados por indivíduos de duvidoso republicanismo, assistimos à ameaça em vez da celebração, da varanda onde a República foi proclamada.

Os atores pareciam o cónego da Sé e o regente do República, o primeiro, um fidalgote que os munícipes promoveram, e o último o cardeal que a Pátria ungiu.

Não foi uma celebração, foi traição, com o cónego a anunciar uma data secundária para comemorar Abril e o cardeal, na pele de Paiva Couceiro a presidir à República, talvez a desejar que o 28 de maio seja comemorado, a ameaçar “ou mudamos agora a bem (…) ou essas mudanças acontecerão contra nós [ou vós?] e a mal”.

O cardeal foi promotor da candidatura a PR de quem rasurou do calendário dos feriados a emblemática data do 5 de Outubro e o cónego veio afirmar que “todas as datas são importantes”, talvez o 28 de setembro ou o 28 de maio.

Há quem faça da História uma leve ideia e ignore o carácter emblemático da data, quem tenha da Pátria uma noção vaga e considere as instituições um mero detalhe para as suas ambições. Esses perderam o sentido da ética que o regime resgatou, o senso do serviço público que a República exige, o amor à Pátria sofrido na Rotunda.

Há 113 anos a bandeira da República foi hasteada na varanda da Câmara de Lisboa e o povo que a aplaudiu ficou ali a celebrar a vitória de quem, dos vassalos, fez cidadãos, de quem legou um regime que aboliu o carácter hereditário e vitalício das instituições para entregar ao povo o seu próprio destino, de quem aboliu de vez os títulos nobiliárquicos e o carácter confessional de uma monarquia onde as taras de uma família se transmitiam como vírus sem vacina.

Hoje, na Câmara de Lisboa estiveram os republicanos a ouvir os que no próximo sábado vão à boda de Mafra convictos de que o Convento passou a Paço, enquanto aguardam a próxima oportunidade para irem prestar vassalagem ao Papa.

Neste 5 de Outubro sinto revolta contra quem trai a República, desrespeita a memória e é capaz de vilipendiar o regime que vigora, desprezando-o e humilhando-o.

Malditos sejam os adversários que confiscam a data que fez de nós um país republicano, laico e democrático, os mesmos que estiveram, e estão, com os que aboliram o feriado.

Viva o 5 de Outubro!


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