A25A - NÃO À FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA! ABAIXO A REAÇÃO

Associação 25 de Abril – Caros Associados

Junto enviamos posição assumida pela Direcção da A25A, por unâminidade e concordância dos demais Órgãos Sociais, sobre o convite recebido do Senhor Presidente da Assembleia da República para a “Sessão Solene Evocativa do 49.º aniversário do 25 de Novembro de 1975”.

Com cordiais saudações de Abril

Vasco Lourenço

Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril 

                                                                          ***

Comemorar, o quê e porquê? 

O 25 de Abril, como único e irrepetível processo de intervenção na definição do tipo de sociedade humana, não foi fácil de concretizar. 

O processo que se seguiu também não foi fácil, mas caminhámos sempre no sentido de concretizar as promessas do Programa do MFA apresentado à sociedade portuguesa desde o início. 

A liberdade proporcionou que cada cidadão fosse optando pela sua visão e pelo seu projecto, juntando-se ou não aos movimentos e partidos políticos que vinham da actividade clandestina do anterior ou que se foram constituindo. 

Mas a liberdade também foi permitindo que os saudosos do passado se fossem aproveitando das oportunidades que o período revolucionário, o período de transição e o posterior período democrático e constitucional lhes foi proporcionando. Eles sempre estiveram e continuam a estar presentes entre nós e pretendem, senão regressar ao passado, pelo menos destruírem os valores do 25 de Abril e construírem uma sociedade limitada e controlada. 

Isto vem a propósito das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril (que atingiram uma dimensão generalizada e mesmo surpreendente) e porque há quem queira elevar a comemoração do 25 de Novembro de 1975 à dimensão (pelo menos a título oficial) do 25 de Abril de 1974. 

Ora nós consideramos que nenhum dos acontecimentos posteriores se pode comparar ao “dia Inicial, Inteiro e Limpo” ou ao dia da “Grândola Vila Morena”. O 25 de Abril é o dia da Liberdade, da reconstrução da Democracia e da Paz, conforme ficou bem evidente nas Comemorações Populares dos 50 Anos do 25 de Abril. Todos os acontecimentos posteriores, que se caracterizaram por tentativas de impedir o caminho traçado pelo Pograma do MFA e dos seus valores, acabaram por ser vitórias do MFA e do povo, apesar do juízo que hoje se possa fazer sobre o caminho que foi seguido. 


É por isso que cabe no nosso conceito, e até no nosso desejo, que os momentos – chave desse percurso sejam recordados e evocados, como o “28 de Setembro de 1974”, o “11 de Março de 1975”, o “25 de Novembro de 1975” (não esquecendo outros, também importantes, mas de menos relevo como foi o “Golpe Palma Carlos”). Mas nunca admitiremos que qualquer deles se sobreponha ou pretenda igualar à comemoração do 25 de Abril de 1974. 

A História não pode ser deturpada. Nós, os principais responsáveis pela consumação do 25 de Abril, com a aprovação da Constituição da República não o permitiremos! 

Tendo presente que a A25A foi fundada pela quase totalidade dos Militares de Abril (95%), unidos à volta do essencial, sentimento que continua a prevalecer, extensivo aos muitos cidadãos não militares que, entretanto, a integraram, é pois clara a posição da A25A: 

1. Comemorar o 25 de Abril e o percurso que a sociedade portuguesa, de facto efectuou nos anos posteriores; 

2. Relembrar e evocar o 28 de Setembro, o 11 de Março e o 25 de Novembro, exigindo que, nessas evocações se não desvirtue o passado, se não deturpem os acontecimentos e se não procurem atingir, passados 50 anos, os objectivos que os inimigos do Programa do MFA e da Liberdade não conseguiram, na altura, alcançar. 

Nesse sentido, não contestando o direito da Assembleia da República decidir livremente, direito derivado do 25 de Abril, sobre os actos que quer praticar, mas tendo em consideração que é nossa opinião que a sua decisão de comemorar apenas o 25 de Novembro, além do 25 de Abril, provoca uma enorme e clara deturpação dos acontecimentos vividos na caminhada para o cumprimento do Programa do MFA - A História é a História, não pode ser deturpada, ao sabor da vontade de qualquer conjuntural detentor do poder. 

A Associação 25 de Abril decidiu não aceitar o convite do Senhor Presidente da Assembleia da República, não se fazendo representar na “Sessão Solene Evocativa do 49.º aniversário do 25 de Novembro de 1975”. 

Lisboa, 14 e Novembro de 2024 

Pela Direcção 

Vasco Lourenço

Comentários

Carlos Antunes disse…
Parabéns à Associação 25 de Abril por esta tomada de posição.
O 25 de novembro foi o resultado das tensões políticas e ideológicas que surgiram após o 25 de Abril de 1974, mas essencialmente um conflito entre a esquerda não democrática (representada pelo PCP) e esquerda democrática representada pelo Partido Socialista, sob a égide de Mário Soares e à sombra do qual todos os partidos de direita (PPD, basta lembrar que Sá Carneiro durante todo o “Verão Quente” esteve fora de Portugal em Londres, invocando motivos de saúde, e CDS) acobardados se refugiaram.
O grande vencedor do 25 de novembro foi o povo português que sob o comando de Mário Soares (vd. manifestação na Alameda em novembro de 1975 que derrotou definitivamente as pretensões do PCP da instauração de um regime autocrático em Portugal) e o apoio dos militares moderados do “Grupo dos Nove”, permitiu a realização das primeiras eleições livres para a Assembleia Constituinte e a consolidação do regime democrático.
Ver agora as comemorações do 25 de movembro serem apropriadas pela direita (PPD, CDS) e realizadas em moldes semelhantes aos das comemorações do 25 de Abril, mais não do que é um revisionismo histórico promovido pela direita e extrema-direita!
Bem está a Associação 25 de Abril em decidir não participar na sessão da Assembleia da República.
Quanto ao PS, por respeito à memória viva e inspiradora de Mário Soares e continuando a afirmação de que a liberdade do 25 de Abril não é esta mesquinha máscara das comemorações do 25 de novembro com que a querem confundir – e com que nos querem confundir – também deveria estar ausente da sessão da Assembleia da República!

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