A guerra na Ucrânia – Portugal, a UE e a Nato em choque e em xeque
A desorientação da UE perante o desprezo de Trump é inquietante para os europeístas. A humilhação é consequência da vassalagem aos EUA e, sobretudo, do alinhamento com a estratégia do seu Partido Democrata.
É honrosa a defesa do direito internacional na integridade da Ucrânia pela UE, mas não se percebe o desprezo pelas comunidades russas acossadas na Ucrânia, o que originou a guerra civil desde 2014, nem o contágio da russofobia dos países bálticos ou a sujeição à agenda e aos humores de Zelensky que parecia ser o líder.
Os EUA quiseram a guerra e Boris Johnson, PM do RU, que alinhou sempre a política externa pela dos EUA, foi o principal instigador e, depois, obstáculo a acordos de paz.
Mais do que a guerra entre EUA e Rússia, foi uma guerra do primeiro contra a China, a única potência com capacidade demográfica e financeira para ser rival. Era falso que a Rússia viesse até à Caparica se não fosse travada na Ucrânia, já exausta sem conquistar sequer as regiões maioritariamente russófonas e russófilas. Era, aliás, delirante a ideia de que Putin se atreveria a atacar um país da Nato.
Os EUA conseguiram enfraquecer a Europa e sangrar a Rússia, um duplo objetivo que a destruição do gasoduto Nord Stream 2 denunciou. A russofobia alimentou a guerra e a escolha de Kaja Kallas para as relações internacionais da UE foi mais uma provocação.
Enquanto se demonizava quem defendesse a paz para a guerra que destruiu a Ucrânia, apodado de putinista, cresceu a extrema-direita na UE e hipotecou-se a sua economia. Por mais execrável que seja Putin, não é eterno e, quanto a ditadores, há muitos no Eixo do Bem, pitoresca expressão para os servis do eixo euroamericano, agora agónico.
Com Zelensky a dizer que a paz não se pode alcançar sem a Ucrânia e a UE, agora que já ninguém corre a Kiev para a fotografia, não se percebe de que meios dispõe, apesar de Mark Rutte insistir no apoio da Nato, depois do patrão americano o abandonar, e de Emmanuel Macron e Olaf Scholz se encontrarem em pré-defunção política.
Para suprema ironia, com a UE irrelevante, a decisão vai ser tomada por um condenado no Tribunal Penal Internacional e outro nos tribunais dos EUA, na Arábia Saudita, uma teocracia que exonerou os direitos humanos do seu território.
Hoje, em Munique, JD Vance veio dizer aos europeus que democracia é o respeito pelos partidos de extrema-direita e que não podem anular eleições (Roménia) quando o povo vota ou proibir as redes sociais de influenciar o voto. E, suprema ironia, exigir liberdade de expressão.
Em Munique os sinos dobram por Kiev enquanto Ursula von der Leyen e Kaja Kallas continuam em negação da realidade, com a última a jugar que é a ministra da Defesa da Letónia, onde foi PM, a pelejar contra a Rússia.
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