Montenegro – ética à prova de bala

Que o ministro Pedro Duarte defenda a honestidade de Luís Montenegro com o mesmo vigor com que este defende a competência das suas ministras da Administração Interna e da Saúde, é um ato patético, a lembrar Ali Químico, o ministro de Sadam que garantia a vitória do Iraque quando quatro celerados da Nato já tinham derrotado o seu país. E surpreende a veemência da defesa por quem dificilmente reconhece aos adversários a presunção de inocência.

Montenegro não cometeu nenhum crime, é certo, mas partir daí, do seu comportamento venal ao longo da vida política, para uma honestidade à prova de bala, é temeridade.

Para além dos benefícios pessoais na ligação de advogado às câmaras do PSD até nos da casinha de Espinho há um enriquecimento que as circunstâncias lhe permitiram. Não é o caso dos submarinos ou dos dinheiros da UE para a Tecnoforma, ou dos negócios de Manuel Pinho ou Armando Vara, nem tão nebuloso como a casa da Coelha de Cavaco ou as suas ações da SLN/BPN, mas não são bonitas ações.

Os defensores de Montenegro esqueceram a campanha que o PSD fez com os casos e casinhos dos governos do PS, com os governantes obrigados a demitir-se por pressão do Ministério Público. O País recorda três secretários de Estado do PS obrigados a demitir-se pela imprudência de aceitarem o convite da Galp para o jogo da Seleção Nacional de Futebol em Sevilha, transporte, jantar e dormida. Era uma bagatela penal, demitiram-se por isso e permitiram ao PSD atacar o Governo.

Ora, nessa excursão futebolística estiveram integrados o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, e outro alto quadro do partido, Hugo Soares. Soubemos, já na vigência do atual governo que o ora PM foi absolvido. Para facilitar a vida à juíza, apresentou um cheque com a importância correspondente às despesas suportadas pela Galp, com data anterior, isto é, em calão, um cheque martelado.

Espero que não use agora outro expediente para justificar uma aparente fuga ao IRS sob capa de uma empresa imobiliária para transferir para sede do IRC (20%) honorários da intermediação bem-sucedida entre câmaras do PSD e clientes do advogado Montenegro cujo nome e autarquias intermediadas merecem ser escrutinados.

Na falta de explicações, depois de Hernâni Dias, Montenegro e agora Castro Almeida e as ministras da Justiça e do Trabalho, é de concluir que o imobiliário alimenta tanto o PSD como o Partido Republicano de Trump, faltando-lhe apenas a aliança à inteligência artificial por não ter um Elon Musk.

Apostila – Depois do debate parlamentar desta tarde saberemos se o financiamento da campanha eleitoral de Montenegro passou pela empresa que ofereceu à mulher e filhos.

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