A tragédia do elevador da Glória e a entrevista de Carlos Moedas
Após a tragédia, Moedas escondeu-se primeiro atrás do PR, do PM depois, no Conselho de Ministros, e, finalmente, na missa, de ar compungido e gravata preta. esteve a fugir aí às explicações que devia, entre o PM, de perna traçada, e o PR, afeito a cerimónias pias, como quem pedia perdão e expiava o peso da consciência.
Apareceu ontem para uma entrevista, em prime-time, com o ar
de quem foi a vítima que sobreviveu, sem responsabilidade política e a insinuar
que o trambolho já lá estava com Medina e só teria responsabilidades se alguém
o tivesse avisado e não tivesse feito nada.
Nunca ouviu falar do acidente no mesmo elevador, em 2018, porque
não havia relatório, nem das queixas dos trabalhadores referidas nos dias anteriores
em vários média.
Apesar de o PR lhe ter atribuído responsabilidades
políticas, envergonhado da cobertura que lhe dera, a ele e ao PM, nos dias
anteriores, e de Clara de Sousa o confrontar com a sua exigência ética a
Medina, Moedas entende que o seu caso é diferente e tudo correu bem. Salvo o
acidente.
Mas onde a baixeza ética, a vileza e a indignidade política
atingiram o auge, depois de pedir para não haver aproveitamento político da
tragédia, tragédia que ele próprio e o PM foram os primeiros a aproveitar,
disparou contra a adversária Alexandra Leitão.
Sonso, dissimulado e hipócrita como é, usou a mentira e o
ataque pessoal para iludir as explicações que deve aos munícipes. Ignorou os
partidos que pediram – e bem –, a sua demissão, para acoimar Alexandra Leitão de
extremista, a única, fora dos partidos com que concorre, que não a pediu.
E, na linguagem de combate partidário, terminou a chamar a
Pedro Nuno dos Santos e a Brilhante Dias sicários de Alexandra Leitão por lhe
exigirem coerência com os padrões que ele próprio criou para Medina, em 2021. Em
resumo, vitimizou-se, insultou e fugiu. A fuga é, aliás, a sua imagem de marca,
às responsabilidades e às reuniões da Câmara.
O autarca que reconhece o fracasso, com a substituição quase
total dos seus vereadores, responde com a calúnia e os ataques pessoais à falta
de argumentos.
Ecce Homo, Carlos Moedas.
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