Do Diário da Diana – 13 anos – escola C+S da Musgueira
Vivi a tragédia do elevador da Glória com a tristeza e angústia de quem não se resigna às fatalidades que revelam incúria, e esperei pela minha mãe para compreender melhor a nossa Lisboa vista daqui, do bairro da Musgueira.
Assisti pela TV ao aparecimento de Moedas, acompanhado do
PM, com uma declaração de cada um e a fuga de ambos às explicações, e quis
saber o que pensava ela da tragédia e do autarca. Sei o que pensa do Moedas, só
quis puxar-lhe pela língua.
Olha Diana, tu não te lembras do Moedas que Marcelo lançou
na candidatura autárquica contra Medina. É esse ser covarde que em 2021 exigia
a demissão de Medina, porque “é preciso um novo tipo de políticos, os que
assumem responsabilidades” – presume-se que se referia a si próprio –, mesmo
perante um “erro técnico”.
Agora começou por se esconder na companhia do PM, depois no
Conselho de Ministros para onde o PM o levou a despropósito e depois na missa,
onde o regime do país laico esteve de joelhos e saiu de rastos, com o PR a
esconder os dois e a fugir também ao escrutínio dos jornalistas. Demissão?
Moedas não é Jorge Coelho!
Não respeitaram a Constituição nem os mortos cuja religião
ignoravam. Exibiram-se na missa com ar compungido e, com a cerimónia, fugiram
às explicações que o edil deve. Na opinião da minha mãe vai despedir o vereador
Anacoreta Correia ou o presidente da Carris, e o Moedas, que preferiu gastar na
Websunmit e JMJ Lisboa 2023 o que podia atribuir à manutenção dos elevadores e
à limpeza da cidade, volta a ganhar as eleições.
Ó mãe, achas mesmo que o Moedas volta a ganhar eleições na
nossa cidade que, como dizes, teve um autarca com a dimensão de Jorge Sampaio,
se resigna agora a Moedas?
Perante uma tragédia em que morreram 16 pessoas e muitas
outras ficaram gravemente feridas, ver o PR, o PM e o edil Moedas de joelhos é
uma metáfora do regime que o PR traiu com dissoluções sucessivas da AR até
deixar o poder à direita e extrema-direita.
Eis a explicação: o plano do governo para a habitação, que
Moedas apoia e agravou com o Alojamento local, expulsa os mais pobres e os
menos ricos de Lisboa, e os eleitores de esquerda vão desaparecer. É de mestre!
O que nos vale, para não irmos viver para perto de Torres Vedras é o contrato
de arrendamento, anterior à lei Cristas. De outro modo já teríamos sido
despejados daqui da casa na Musgueira. Agora as casas não são para ser
habitadas, são ativos financeiros para especular, desabafou a minha mãe.
A mãe pode ter razão, mas eu, Diana, não acredito que a
lista encabeçada pelo Moedas, com a Helena Ferro Gouveia a integrá-la, possa
ganhar à Alexandra Leitão. Seria uma injustiça e um enorme castigo para Lisboa.
Moedas é um homem sem princípios nem coerência. Denuncia o
perigo do extremismo esquerdista no mundo, sabendo que só já há extremismo de
direita. Podia lembrar-se de que foi dessa forma que o nazismo, contra o qual o
seu pai lutou, cresceu e trunfou. Não nos peçam para deixar o Carlos trabalhar,
sabemos a desgraça que é deixar o Luís.
Se tivesse o comando de uma esquadra da PSP, a avaliar pela
ilegalidade das ordens à Polícia Municipal, os detidos saíam de lá com o corpo
cheio de nódoas. A minha mãe chama-lhe a cópia de Marcelo de má qualidade e sem
brilho.
E eu terminei, resumindo, Moedas é dissimulado como o Luís e
tem a coluna vertebral de um molusco, nunca assumirá responsabilidades. O beijo
que recebo era de uma mãe embevecida.
Musgueira, 06 de setembro de 2025 – Diana

Comentários
"Portugal: este país não é para vivos"
http://paginaum.pt/2025/09/06/portugal-este-pais-nao-e-para-vivos/