A visita da “troika”: um novo ultimato?
O governo pretende embandeirar em arco no papel de “bom aluno”…
A avaliação positiva do cumprimento do memorando ditado pela “troika” enche os nossos governantes de incontida satisfação.
Antes do anúncio desta avaliação da troika o ministro das Finanças fez mais uma fugaz aparição pública para anunciar mais medidas penalizadoras sobre os portugueses, desta vez afectando o IVA sobre a electricidade e gás natural. link Como todos sabemos o IVA é um imposto cego e, logicamente, estas medidas não são equitativas e afectarão com maior dureza e intensidade as famílias de parcos recursos.
Por outro lado, o mesmo Ministro anunciou que irá congelar a partir de Setembro as progressões previstas no regime remuneratório para o Ministério da Administração Interna e Ministério da Defesa link . Tal medida afecta dois corpos (um militar e outro de segurança) hierarquizados, com estritas regras de progressão (na carreira e remuneratórias) que não são indiferentes à qualidade e ao nível do desempenho e, sendo assim, este “congelamento”, significa mais um rude golpe nas expectativas (monetárias e de progressão) dos militares e policiais. Esta medida para quem usa (a Direita) o levantar a bandeira da segurança e do nacionalismo para “atemorizar” a sociedade é por si só altamente comprometedora da disciplina e da eficiência no interior das instituições (policiais e militares).
Mas na embrulhada deste dia (e este Governo começa a embrulhar-se assiduamente), o principal problema é a sequência das diferentes tomadas de posição.
Ao dealbar da aurora o Governo vem anunciar mais austeridade à revelia das promessas eleitorais, i. e., insistindo no empolamento de medidas pelo lado da receita, desprezando ou adiando o anúncio de medidas de contenção da despesa.
Logo se seguida a vem troika dar o “visto” sobre o desempenho do Governo. Isto é, “fala” depois, ou seja, “em cima” das decisões governamentais (cuja fiscalização penso que ainda pertence à AR) e permite-se, inclusive, criticar propostas em estudo como é o polémico caso da redução de taxa social única (cujos valores a troika acha modestos…). link
Antes de termos tempo de digerir os factos desta sexta-feira há algo que sobrenada as nossas consciências e se mostra altamente aviltante para os cidadãos, na medida em que transforma o nosso regime numa "democracia condicionada" (por enquanto ainda não amordaçada).
Hoje, como português, julgo ter sentido na pele o mesmo que os nossos antepassados sentiram, em 1890, a quando do ultimato britânico…
Um artigo anónimo publicado na “revista de Portugal” e atribuído a Eça de Queirós sublinhava que (no entender do grande escritor) a população portuguesa (a partir do ultimato) passou a pensar que «antes qualquer outra coisa do que o que está»… link
É o que em breve poderá suceder a este novo “reino” da Direita.
A avaliação positiva do cumprimento do memorando ditado pela “troika” enche os nossos governantes de incontida satisfação.
Antes do anúncio desta avaliação da troika o ministro das Finanças fez mais uma fugaz aparição pública para anunciar mais medidas penalizadoras sobre os portugueses, desta vez afectando o IVA sobre a electricidade e gás natural. link Como todos sabemos o IVA é um imposto cego e, logicamente, estas medidas não são equitativas e afectarão com maior dureza e intensidade as famílias de parcos recursos.
Por outro lado, o mesmo Ministro anunciou que irá congelar a partir de Setembro as progressões previstas no regime remuneratório para o Ministério da Administração Interna e Ministério da Defesa link . Tal medida afecta dois corpos (um militar e outro de segurança) hierarquizados, com estritas regras de progressão (na carreira e remuneratórias) que não são indiferentes à qualidade e ao nível do desempenho e, sendo assim, este “congelamento”, significa mais um rude golpe nas expectativas (monetárias e de progressão) dos militares e policiais. Esta medida para quem usa (a Direita) o levantar a bandeira da segurança e do nacionalismo para “atemorizar” a sociedade é por si só altamente comprometedora da disciplina e da eficiência no interior das instituições (policiais e militares).
Mas na embrulhada deste dia (e este Governo começa a embrulhar-se assiduamente), o principal problema é a sequência das diferentes tomadas de posição.
Ao dealbar da aurora o Governo vem anunciar mais austeridade à revelia das promessas eleitorais, i. e., insistindo no empolamento de medidas pelo lado da receita, desprezando ou adiando o anúncio de medidas de contenção da despesa.
Logo se seguida a vem troika dar o “visto” sobre o desempenho do Governo. Isto é, “fala” depois, ou seja, “em cima” das decisões governamentais (cuja fiscalização penso que ainda pertence à AR) e permite-se, inclusive, criticar propostas em estudo como é o polémico caso da redução de taxa social única (cujos valores a troika acha modestos…). link
Antes de termos tempo de digerir os factos desta sexta-feira há algo que sobrenada as nossas consciências e se mostra altamente aviltante para os cidadãos, na medida em que transforma o nosso regime numa "democracia condicionada" (por enquanto ainda não amordaçada).
Hoje, como português, julgo ter sentido na pele o mesmo que os nossos antepassados sentiram, em 1890, a quando do ultimato britânico…
Um artigo anónimo publicado na “revista de Portugal” e atribuído a Eça de Queirós sublinhava que (no entender do grande escritor) a população portuguesa (a partir do ultimato) passou a pensar que «antes qualquer outra coisa do que o que está»… link
É o que em breve poderá suceder a este novo “reino” da Direita.
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