Estuprem-nas, elas merecem


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A Igreja espanhola não deixa as suas tradições de intolerância por mãos alheias.
Liderada hoje pelo cardeal Rouco Varela, herdeiro de outro cardeal arcebispo de Madrid, Goma y Toma, que dizia em 1936, ano do nascimento de Rouco: “Não pode haver pacificação senão pelas armas, há que extirpar a podridão da legislação laica”, ou do bispo de Cartagena, Diaz Gomara, que clamou do púlpito “Benditos sejam os canhões!”, saudando entusiasticamente a rebelião fascista de Franco contra o Governo legítimo de Espanha, a hierarquia católica espanhola continua a pregar o ódio em nome do seu “Deus que é amor”.
Agora que Mariano Rajoy, próximo da Igreja, anunciou a intenção de “extirpar a podridão da legislação laica” do aborto aprovada pelo executivo de Zapatero, chegou-me às mãos uma homilia de Natal de outro arcebispo espanhol, desta vez o de Granada, Javier Jimenez, defendendo que uma mulher que aborta “dá ao homem a licença absoluta, sem limites, de abusar do corpo dessa mulher, porque ela é que suporta a tragédia, e suporta-a como se fosse um direito” (a homilia pode ser lida no sítio da Diocese de Granada).
Para o arcebispo, os crimes de Hitler e Estaline (esqueceu-se dos de Franco) “são menos repugnantes que o do aborto”. É em alturas assim que até um não crente gostaria que existisse um Deus que julgasse esta gente.
Comentário – Este artigo, também publicado aqui, não podia ser ignorado pelo Ponte Europa. Pela qualidade, rigor e coragem.

Comentários

Na crónica do dia seguinte, MAP incluiu a seguinte "NOTA":

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«Na passagem sobre as mulheres que abortam da homilia do arcebispo de Granada citada na crónica de ontem há um erro de tradução (de minha responsabilidade) que altera o seu sentido. Traduzi "traga", do verbo "tragar", como sendo uma forma do verbo "traer" (trazer) quando, de facto, é do verbo "tragar" (tragar; suportar). Assim, a parte final dessa passagem é "ela é que suporta a tragédia, e suporta-a como se fosse um direito" e não como publicado».

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