Notas soltas: Dezembro/2011
Egipto – Os Irmãos Muçulmanos, seguidos pelos radicais salafistas do partido Al-Nour, bem piores, somam juntos 65% dos votos. O país que foi berço de uma civilização pode tornar-se um túmulo da democracia com o triunfo do fascismo islâmico.
Pescadores de Caxinas – O resgate de seis náufragos foi um feito que honra a Força Aérea Portuguesa cuja coragem e profissionalismo não saem beliscados com a atribuição miraculosa à Senhora de Fátima.
União Europeia – O Reino Unido usou a chantagem contra a revisão do Tratado da União Europeia e isolou-se. A Sr.ª Merkel conseguiu que 17 países se unissem e 6 outros, que deverão passar a 9, se associassem, mas a sua credibilidade esmoreceu.
Alemanha – O alegado sucesso da cimeira europeia não passou de um frágil adiamento dos problemas, sem solução para o desemprego nem dinheiro para resistir aos ataque dos mercados. A Sr.ª Merkel condenou os países periféricos ao empobrecimento.
Tunísia – O frágil equilíbrio entre um presidente da esquerda nacionalista e laica e o primeiro-ministro muçulmano pode ser uma solução de transição mas a diferença entre a Primavera sonhada e o Inverno islâmico só a futura constituição decidirá.
Síria – Segundo cálculo da ONU, a revolta que, desde Março, tem sido palco de violentos confrontos entre as forças de repressão do regime de Bashar al-Assad e os manifestantes que reclamam o afastamento do presidente atinge 5 mil mortos.
Privatizações – Face aos preços de saldo a que o Governo aliena o património, o melhor que os portugueses podem pensar é que a obsessão ideológica da direita não se detém perante a depressão do mercado.
Tragédia na Coreia do Norte – 1morto. A sombria ditadura hereditária chorou a morte do querido líder Kim Jong-il e enxugou as lágrimas com o amado sucessor Kim Jong-il, general de 29 anos que não fez o serviço militar e dispõe de um arsenal nuclear.
Despedimentos – O desejo de agradar à Troika e a ânsia de liberalizar os despedimentos leva o Governo a propor indemnizações de 8 a 12 dias por cada ano de trabalho. Os patrões que, há pouco, eram obrigados a um mínimo de 1 mês, rejubilam.
Espanha – O Governo de Rajoy é uma mistura de franquistas, membros do Opus Dei e tecnocratas, conservadores nos costumes, ultraliberais na economia e implacáveis quanto aos direitos dos trabalhadores. Não se esperam milagres destes devotos.
França – A ministra francesa da Juventude, Jeannette Bougrab, foi criticada por ter declarado ao diário “Le Parisien” : “Eu não conheço islamismo moderado [...] Não há sharia light”, mas na realidade ninguém lhe pode negar a razão.
Nigéria – Este país é o epicentro do duelo religioso que se trava em África entre cristãos e islamitas. Os muçulmanos aproveitaram o Natal cristão para levar a cabo uma onda de violência contra igrejas católicas provocando dezenas de mortos. Não basta lamentar a intolerância, é preciso pôr cobro ao ódio sectário.
Guiné – Os golpes de Estado acontecem com metódica regularidade, por entre a miséria que alastra, o narcotráfico que se desenvolve e as rivalidades tribais que se acentuam num país falhado a exigir uma intervenção humanitária.
Madeira – O regabofe governamental do pequeno arquipélago terá sido atenuado mas as sequelas para o país e, em especial para os madeirenses, permanecerão. PRs, AR e sucessivos Governos foram cúmplices da irresponsabilidade de Jardim.
EDP – A saída do Estado de uma empresa estratégica é sempre a má notícia que só os fanáticos do liberalismo vêem como boa, e a receita, embora generosa e urgente, só cobre um terço do descalabro da Madeira ou das trafulhices do BPN.
S.N.S. – Segundo o relatório da OCDE sobre os sistemas de saúde dos 34 países que a integram (Health at a glance, 2011), Portugal é o 5.º país com melhor evolução na esperança de vida e o 1.º no declínio da mortalidade infantil. (Expresso de 30-12-2011).
S.N.S. (2) – O aumento brutal do custo das taxas moderadoras transformou-as em imoderadas, com graves reflexos no acesso aos cuidados de saúde de muitos utentes cujos rendimentos não suportam o saque fiscal e o confisco dos subsídios.
O.E. 2012 – Elaborado sem cumprir o calendário legal, foi promulgado no último dia útil de 2011 pelo PR, que não seria tão indulgente com o anterior Governo, em situação pouco confortável. Poderão os portugueses suportar tanta austeridade?
Irão – A ameaça de encerramento do estreito de Ormuz, rota por onde passa 40% do petróleo mundial por via marítima, como retaliação às sanções pelo seu programa nuclear, é um desafio perigoso à paz mundial…e aos preços do petróleo.
Boas-Festas – Apesar do aumento do IVA em bens essenciais, acréscimo de horas de trabalho, cortes violentos nas deduções no IRS na educação, saúde e habitação, e sem subsídios de férias e de natal para pensionistas e funcionários públicos, desejo aos meus leitores um feliz 2012.
Notas Soltas – Espero aderir ao Acordo Ortográfico no próximo mês. Faço votos para que o acordo celebrado entre Portugal e o Brasil seja mais um passo para unir os vários países que têm como língua comum o português.
Comentários
Compra da EDP foi “negócio barato”
Foi um negócio da China e quem o diz são os próprios. O presidente executivo da China Three Gorges, a empresa que venceu a corrida à privatização da EDP, admitiu ontem que o preço pago pelos 21,35% do Estado na eléctrica nacional foi relativamente baixo. link
E, provavelmente, o Sr. Cao Guangjing (presidente da Three Gorges) não saberá do “negócio” do BPN/BIC.
De facto, é difícil perceber como o governo promove tanto “festim” por tão pouca coisa.
Na verdade, o esbanjamento é um companheiro inseparável do empobrecimento.
O País está a ser conduzido por esse caminho.
Para quem ainda tem dúvidas sobre o processo em curso é só esperar pelas próximas privatizações…
A austeridade está para durar. A época de "saldos" do património público, também.
http://www.youtube.com/watch?v=b878n17fGGA&context=C30ed277ADOEgsToPDskJuh74ZIRXkdX5BvkDjqQ5c
http://www.youtube.com/watch?v=eNFVwSTkeds&context=C369ee6eADOEgsToPDskIB2QRsWZySJW7irolSKyKC