Os sindicatos e a conflitualidade social
Há quem por ignorância ou reacionarismo ignore o papel insubstituível dos sindicatos no funcionamento das democracias, uns por falta de cultura democrática, outros por excesso de cultura autoritária.
A ausência da concertação, a que até o Presidente da República apela, ele que tão pouco a estimava, é um detonador da explosão social que este governo, o mais à direita desde o 25 de Abril, pode provocar sem qualquer benefício, nem para os partidos no poder.
A grave crise financeira que varreu o mundo encontrou em Portugal um presidente da República sem a fibra e a estatura dos seus antecessores e, na liderança do maior partido da oposição, um presidente que o PSD esperava substituir por alguém com experiência governativa e capacidade política. Até a Europa se encontrava minguada de figuras de prestígio e convicções que fizessem frente aos mercados e à ideologia que, depois de ter arruinado os países, continuou a ditar o paradigma da salvação que desconhece.
Não vale a pena recriminar a trágica campanha contra o anterior primeiro-ministro, os obstinados ataques ao seu carácter que, para esconderem as limitações do governo atual, ainda persistem. Não importa recordar as pseudoescutas com que de Belém quis abrir as portas à direita e a consequente falta de solidariedade institucional, hostilidade mesmo, com que inviabilizou um governo com uma sensibilidade social que falta ao atual.
A chantagem sobre os trabalhadores da CP, ameaçando-os com o não pagamento dos vencimentos, em caso de greve ou a responsabilização criminal dos sindicatos por causa de algum desacato que «não possam controlar» durante uma greve, são graves sintomas de autoritarismo e a indisfarçável vontade de impedir o direito constitucional à greve.
Curiosamente, se a memória me não falha, os sindicatos dos maquinistas da CP e o dos pilotos da TAP foram criados com a ajuda dos partidos do atual governo, especialmente do CDS, para quebrarem o poder da CGTP e, agora, é o próprio movimento sindical que parece estar na mira da repressão.
Os sindicatos, quantas vezes com erros e egoísmos, são, como os órgãos da soberania, os garantes de uma sociedade harmoniosa onde a sua falta lança trabalhadores inquietos em manifestações anárquicas, imprevisíveis, cujo controlo se torna impossível.
A falta de equidade na distribuição de sacrifícios para o necessário equilíbrio das contas públicas pode levar-nos, face à incompetência política e ao radicalismo ideológico deste governo, a situações imprevisíveis e irreparáveis.
É tempo de o PSD se libertar da hegemonia ideológica dos ultraliberais e eurocéticos do CDS e regressar à matriz ideológica social-democrata, coibindo o PR das interferências na área governativa e remetendo-o ao exercício das suas funções constitucionais, sem esquecer que a equidade nos sacrifícios e o bom senso no diálogo social são necessários.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Completamente de acordo!
Não podemos apelar à "concertação social" (como fez o PR na mensagem de Ano Novo) e, simultaneamente, partir as pernas aos sindicatos.
Não devemos aspirar a uma regulação do mercado de trabalho e ignorar os sindicatos. O combate ao desemprego e ao trabalho precário não é plausível (nem credível) sem sindicatos. Etc.
Sendo certo e sabido que os sindicatos rejeitaram o memorando da troika (quando da negociação foram dialogar) é mais do que óbvio que, perante a fatalidade da sua implementação, nunca aceitarão o desígnio de Passos Coelho em "ir para além da troika".
Sem este tipo de compromisso prévio não existe concertação, nem diálogo, ia dizer, nem sossego. Aliás, a inépcia do actual Governo - personificada na caricata figura do ministro Álvaro - em sede de concertação social, não tem feito mais do que "atirar" a UGT - sempre aberta ao diálogo social - para os braços da CGTP.
O Governo só tem alargado campo à radicalização de posições sendo cada vez mais evidente que, sem os sidicatos, não temos futuro. De facto, onde funciona a concertação social, com processos sérios e abertos, existe trabalho, desenvolvimento e progresso.
executam a Política Liberal DITADA por Bruxelas.Eles são como dois irmãos gémeos que se guerreiam na disputa da herença da Quinta que é Portugal.É claro que o PSD leva vantagem sôbre o PS porque tem a
acolitá-lo o CDS/PP da «democracia»
cristã na qual figura muita gente com saudades da Ditadura clerical-fascista do Estado Novo.Êstes três Partidos forma a DIREITA que afinal
tem a maioria em S.Bento.À Esquerda
que infelizmente está desunida,só lhe resta ir esclarecendo o Povo para veja quem é que lhe atira as pedradas e em vez de morder na pedra,deve morder quem a atira.