Um mísero professor à beira da indigência. Financeira
As lamúrias miserabilistas do Prof. Cavaco sobre as suas remunerações não se igualam, em gravidade, às falsas escutas que Fernando Lima entregava nos esconsos de um café da Av. de Roma ao diretor de um diário, para arruinar o carácter do primeiro-ministro, nem às suspeitas sobre os negócios na SLN ou à permuta de terrenos em que a vivenda de luxo dentro de um deles não parece dar lugar ao pagamento de mais-valias.
Não podemos confundir um caso de provincianismo e cupidez com suspeitas de intrigas para a substituição de um governo legal. Também não são comparáveis à declaração à PIDE das relações pessoais com o pai e a madrasta da mulher, ética e ortograficamente censuráveis mesmo para quem, por serviços relevantes, viria a atribuir a dois Pides uma pensão que negaria a Salgueiro Maia.
No entanto, o que surpreende num político hábil, que conseguiu persuadir o país de que renunciou ao vencimento de PR por magnanimidade, quando foi obrigado a optar, por razões legais, entre o vencimento e as pensões, o que surpreende – dizia –, é o lamento indignado pela «reforma pequena» (mais de10.000 € mensais), quando o salário médio em Portugal ronda os 800 euros.
É surpreendente, para quem se sensibiliza com o sorriso das vacas dos Açores, que não se dê conta que fere 1,4 milhões de portugueses com pensões inferiores a 485 euros e mais de 600 mil desempregados que têm como única alternativa à miséria o conselho do ministro da Economia, corroborado pelo primeiro-ministro, «que emigrem», única solução que o governo a que abriu caminho é capaz de apresentar.
Portugal está condenado à pobreza mas podia ter sido evitada a vergonha. A dignidade do cargo que Cavaco Silva ocupa é incompatível com o comportamento do titular, numa deriva que se afigura, atendendo à idade e aos factos, como um caminho sem retorno.
Os políticos são injustamente maltratados por muitos dos que abominam a democracia e não é o caso de Cavaco. Esses até o estimam.
Comentários
Nem a máquina da propaganda paga pelos antigos favores do BPN o safará de se arranharar nos seus próprios espinhos de Silva que é.
Além do tremelique da mão, Cavaco Silva deverá ter outra ordem de tremuras.
Daqui em diante, só debitará escritos elaborados pelos seus escrivinhadores de discursos, aqueles que lhe mantêm a página do facebook activa, decorará umas frases feitas só para perguntas préviamente autorizadas, e recolherá ao centro de dia de Belém.
O que será necessário para despedir um presidente da República?
E o elo mais fraco!
Primeiro Ato:
Entra o Presidente da República e diz, "estou na miséria, como todos os portugueses", vou pedir à Maria que comece a criar galinhas poedeiras no Palácio de Belém para fazer face às despesas (como fazia a D. Maria de Salazar). ...
Segundo Ato:
Entra Passos Coelho e diz: "lamento mas os sacrifícios são para todos, Sr. Presidente".
Aplausos, cai o pano...
SERÁ QUE NINGUÉM PERCEBE ISTO?