O Almirante Gouveia e Melo e a nomeação para CEMGA
Agora que o almirante Gouveia e Melo foi provido no cargo de CEMA, como merecia e fora indigitado pelo MDN e PM, com a anuência do PR, é altura de perguntar a este o que pretendeu com o adiamento, adrede combinado, da tomada de posse.
O então CEMA tinha sido reconduzido no cargo, após o fim do seu
mandato, por tempo limitado, o que aceitou, porque o PM e o PR queriam promover
Gouveia e Melo, o que não seria possível com outra nomeação, que o deixaria
passar à Reserva, por limite de idade, durante o mandato do eventual titular.
A intriga interessada do chefe da Casa Militar do PR, Sousa
Pereira, levou os almirantes mais antigos a tentarem evitar a promoção de
Gouveia e Melo, com o parecer negativo do almirantado, que inclui Sousa Pereira.
Salvou-o o compromisso do MDN, PM e PR.
Foram os media mais à direita, os que têm vias facilitadas a
Belém, que divulgaram essa decisão, que o PR adiou ruidosamente, dizendo que lhe
cabia a última palavra, como se não a tivesse comprometida, e confirmando a
substituição, “que não era a altura certa”.
A tentativa de pôr em xeque o Governo levou logo o PM e o
MDN a Belém, acabando o folhetim, com desgaste do Governo e do almirante e um enigmático
comunicado do PR: “ficaram esclarecidos os equívocos”. O sentido de Estado do
PM e do MAI impediu a denúncia do PR, responsável dos danos à imagem do militar
e do adiamento da decisão acordada. O chefe da Casa Militar do PR saiu incólume
da denúncia da substituição do CEMA! O PR devia tê-lo demitido, ou usado outro
ator para desgastar o Governo, sem repercussões institucionais tão graves.
A lamentável reincidência do PR, que teve agora o desfecho
há muito combinado, tem o precedente no diretor da PSP, Magina da Silva, a divulgar
a conversa entre ambos, para afastar o ministro Cabrita, do MAI. Desta vez era
o MDN que pretendia sacrificar. O país não pode andar aturdido com o ruído
mediático oriundo de Belém e da central de intoxicação da Direita.
Marcelo não deve, sob qualquer pretexto, tornar-se uma
versão elaborada do antecessor. Exige-se-lhe um módico de contenção que a sua
formação jurídica e cultural impõe e os interesses da democracia exigem. O
Governo não pode ser um alvo a abater.
Apostila – O excelente trabalho de almirante Gouveia e Melo
ao serviço da Marinha e do ministério da Saúde foi reconhecido e exaltado. As suas
ambições políticas, embora legítimas, criam um ambiente malsão à democracia, e
devia ter passado à Reserva antes de ser CEMA ou de vir a integrar o pacote do
PR. Ao aceitar o cargo, foi venal e desleal ao ameaçar criar um movimento
cívico, após passagem à Reserva e, deslumbrado, ainda acrescentar ao Expresso: “Se
era para me darem qualquer coisa em agradecimento, por favor que ficassem lá
com o presente que não quero presentes”, afrontando o MDN, o PM e o PR. E
aceitou.
Apostila-2 – O almirante Mendes Calado, que foi informado
previamente do que estava previsto, permitiu vingar-se: “Deixo a Marinha não
por vontade própria”, sabendo que a concentração de poderes no CEMGFA, subalternizando
os chefes dos respetivos ramos, é uma ‘imposição’ da Nato que Marcelo e António
Costa acolhem, com fortes objeções dos CEMs dos três ramos, como ele próprio manifestou
oportunamente.
Apostila-3 – Marques Mendes, paquete de Belém, sabendo a
verdade, aproveitou a sua última homilia na SIC para zurzir o Governo e
atribuir-lhe a malfeitoria, com a perfídia de quem sabe que não pode
defender-se da calúnia. É o cogumelo venenoso a espalhar esporos.
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