Marcelo confeciona a vichyssoise/2026 para servir em S. Bento
A desagradável surpresa de ver o PR, numa imperdoável distração, a comemorar o 10 de Junho no dia 11, em Londres, na companhia de militantes do partido fascista, que exibiram a bandeira partidária, causa as maiores apreensões.
Ver o Presidente a promover extremistas é motivo de
apreensão e perplexidade. Sem cometer a deselegância de regressar à sua origem
familiar e ao destinatário do exercício epistolar sobre o III Congresso da
Oposição Democrática de Aveiro, vale a pena recordar o seu percurso político. O
receio justifica-o.
Marcelo Rebelo de Sousa, José Miguel Júdice, Pedro Santana
Lopes, José Manuel Durão Barroso e António Pinto Leite surgiram em finais de
1983 ou início de 1984, a preparar na sombra, de forma organizada, o retorno da
pior direita, por via democrática.
Foram decisivos em dois congressos do PSD, em 1984 [Braga]
derrotando Mota Amaral com Mota Pinto e, sobretudo, em 1985 [Figueira da Foz],
na improvável ascensão do obscuro Cavaco Silva à liderança do partido,
derrotando João Salgueiro.
Marcelo destacou-se, entre os cinco neoliberais, pelo interesse
e eficácia. A inteligência, cultura e ânsia do poder eram comuns. Miguel Júdice
e Pinto Leite acabariam por passar aos negócios privados com fulgurantes
carreiras de advogados.
O grupo não se comparava, salvo na eficiência, ao que Miguel
Relvas, Marco António, Paulo Júlio e outros arrivistas, a roçarem a indigência
cultural, formariam um quarto de século depois. Os criadores eram diferentes,
só as criaturas foram semelhantes, Cavaco e Passos Coelho.
Duas décadas depois, Santana Lopes andava por aí e foram de
novo Marcelo e Barroso, acompanhados das respetivas mulheres, que, na companhia
de Cavaco e da inseparável prótese conjugal, prepararam na casa e a convite de
Ricardo Salgado, durante o jantar, a primeira candidatura vitoriosa de Cavaco a
PR, impedindo a de Freitas do Amaral.
Curiosamente, por amor ou rancor, Cavaco quis deixar Durão
Barroso em Belém, mas a longa marcha do comentador Marcelo logrou secar a
concorrência para a sua perpétua azia enquanto o cúmplice da invasão do Iraque
não logrou atrair quaisquer simpatias.
Decididamente, ninguém gosta da companhia de Cavaco, que
agora disputa a Marcelo a oposição ao Governo do PS, faltando-lhe a
experiência, cultura e empatia com que se tecem intrigas e se inventam
personalidades.
Apesar de ter sido Cavaco o criador de boas e más moedas,
foi uma epifania de Rui Rio a escolha de Moedas para a Câmara de Lisboa, mas é
de Marcelo o mérito de o mostrar para fazer dele um governante para 2026.
Apenas parece um exagero o (ab)uso de funções presidenciais para liderar a oposição ao Governo. Urge estar atento às movimentações do PR e escrutiná-las.
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