O Brasil, a democracia e o futuro
As ditaduras não carecem de adjetivos, mas as ditaduras militares brasileiras pautaram-se sempre por inaudita crueldade. A democracia vive aí em permanente sobressalto.
A tentativa de redemocratização, após a ditadura de
1964/1985, constituiu um relativo êxito, particularmente desde 1995 a 2011, com
Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva a cumprirem dois mandatos sucessivos,
máximo legal, com assinalável progresso económico e um módico de justiça
social, mais evidente com Lula da Silva.
Dilma Russef, após a reeleição para um segundo mandato, apoiada
por Lula, foi vítima de uma perversa conspiração, enquanto um juiz venal e
ambicioso procurava destruir a imagem e privar da liberdade Lula da Silva, a
troco de um lugar de ministro, do desejo de ser juiz do Supremo, onde lhe foi
recusada a entrada, e, eventual candidatura a PR. Só conseguiu uma condecoração
e ser ministro de Bolsonaro, nódoa imperecível.
Dilma foi vítima de destituição com a cumplicidade do
vice-presidente, Michel Temer, o típico político corrupto que serviu os
golpistas, que lhe garantiram a presidência e a impunidade. A destituição,
condenado por juristas internacionais, entre os quais o Juiz espanhol Baltasar
Garzòn, que a designou de golpe de Estado, abriu caminho à eleição de um
capitão abrutalhado que, no último ano, continua a insistir num golpe militar.
Tudo aponta para uma candidatura polarizada entre Lula e
Bolsonaro, este um perigo que tudo fará para manter o poder, depois de ter
promovido a marechais cem generais.
Nunca se averiguou de onde partiu o plano para assassinar a
vereadora Marielle Franco e o ministro Sergio Moro viu expostas as manobras
para perseguir Lula, confirmadas com factos pelo sítio informativo Intercept
Brasil. Bolsonaro é um golpista, mais capaz de dirigir um bando de marginais,
incluindo os filhos, do que de governar um País.
No Brasil as democracias foram sempre frágeis e à mercê de caciques
venais que veem no poder uma forma de enriquecerem.
Quem segue os media brasileiros vê que a luta contra Lula já
começou com a violência com que derrubaram Dilma, mas é mais fácil fazer sair
dos quartéis os militares de que arranjar outro Sergio Moro capaz de todas as
perfídias escondido na toga.
O Brasil tem juízes honestos, incapazes de trocar a toga
pelo superministério da Justiça e Segurança Pública e pela Medalha da Ordem do
Ipiranga (2019) como o fez Moro.
Assim pudesse o País garantir a isenção da TV Globo, a moderação evangélica e a neutralidade dos quartéis.
Ponte Europa / Sorumbático
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outros meios de comunicação tem maior cumplicidade