Identidade e Família – Entre a consistência da tradição e as exigências da modernidade
Produto da madraça cavaquista lá estava a apresentar o livro quem não é conhecido por ser leitor, Pedro Passos Coelho, professor catedrático convidado pelo Prof. Sousa Lara, censor de Saramago e dirigente do PSD, primeiro, e do Chega, depois.
Era um friso de devotos saídos do Concílio de Trento para a
produção de um livro sobre “Família tradicional” por gente que ignora antropologia,
história e sociologia no modelo que inventou, com claque do Chega.
Era um friso de homens devotos homofóbicos e misóginos, pais
de família casados com rainhas do lar, aplaudidos por Nuno Melo, Ventura e
mulheres submissas, autores de um libelo reacionário onde pontificava a Opus
Dei, o cardeal Clemente e um Otero, autor da diatribe: “(…) não tenhais medo,
porque não é pecado, desejar o enterro do 25 de Abril”.
O PSD, talvez por respeito ao modelo de família de Sá
Carneiro e Snu Abecasis, primou pela ausência. Não se revê no modelo do cardeal
Clemente ou de Ventura a que aderiu o ex-liberal Passos Coelho.
Não sei porquê, não vi naquele friso de tementes a Deus, de
bons costumes, mais do que hipócritas a esconder a apetência de violadores, pedófilos
e agressores domésticos.
O que os move não é a fé, é o ódio à emancipação das mulheres,
à sua autodeterminação sexual, à igualdade de género e a todas as conquistas civilizacionais
que puseram cobro à ideologia dos patriarcas tribais da Idade do Bronze.
Não são homens, são biltres a ensaiarem a contrarrevolução dos costumes num caldo nacionalista onde germina hoje, como há um seculo, o advento do fascismo.
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