O Governo e os impostos
As promessas da campanha eleitoral que o PR e a PGR anteciparam não me assustaram porque não eram para cumprir. O PS e o PSD, os dois partidos com hipóteses de serem Governo, prometeram mais do que deviam, e o PSD muitíssimo mais do que o OE-2024 consente. O que agora me assusta é a união de todos os partidos da oposição a exigirem o seu cumprimento.
A desfaçatez de Luís Montenegro teve êxito ao conseguir
mobilizar a opinião pública contra o aumento de 25 euros anuais no IUC de automóveis
mais antigos em relação a outros comprados a partir de julho de 2007. A
demagogia e o populismo triunfaram.
Esta foi a batalha que conduziu à campanha pela redução do
IRS e que levou o PS, com a pressão da opinião pública e do PR, a reduzir as
taxas. Ganhei com a primeira medida 25 euros anuais e com a segunda cerca de
mil euros, mas, ingrato, fiquei revoltado.
Sou ignorante em macroeconomia, mas sei da microeconomia que
não posso diminuir receitas e aumentar despesas sem desequilibrar o orçamento.
Com todos os trabalhadores a reivindicarem despesas
permanentes a seu favor, por conta do superavit ocasional, foram-lhes criadas
expetativas no leilão das promessas que desequilibram a gestão e impedem a
satisfação de reivindicações justas.
Assistimos agora às descabeladas desculpas e infundadas
acusações do atual governo contra o anterior. Iludindo a sua incapacidade de
resolver problemas, procura pretextos para novas eleições antes de o eleitorado
se aperceber da sua incompetência.
Bastou um mês para Montenegro provar que é tão incompetente
como Passos Coelho e tão desastrado a escolher ministros como Santana Lopes.
Discordo da eliminação de portagens nas ex-SCUT, prometida
no programa do PS. Não favorece a coesão nacional, como alega o PS e creem os
autóctones, transferindo apenas os encargos dos utilizadores para o Estado, ou
seja, para todos nós.
Já tinha sido errada a redução do IRS e a queda da
atualização do IUC para os veículos anteriores a julho de 2007. Não andou bem o
PS, mas pior é a perversa decisão do atual Governo para descer o IRC no ano em
que as empresas bateram recordes de lucros.
Razões? É néscio quem pensa que se podem reduzir impostos
sem reduzir os benefícios sociais e impedir a melhoria remuneratória da função
pública. Como social-democrata prefiro acudir aos mais necessitados do que
aliviar impostos aos que mais podem.
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