Bento – 16: pastorais ou empaleanço?…
Hoje, ou amanhã (…os timings do Vaticano são misteriosos), Bento 16 publicitará uma mensagem dirigida aos católicos irlandeses, com a finalidade de reparar danos “irreparáveis” (passe a redundância) causados pela sucessão de vergonhosos e inadmissíveis escândalos de pedofilia que atingem - impiedosamente - a ICAR.
Não conhecemos (ainda) o teor dessa anunciada mensagem.
Todavia, sabemos que a sua premência, logo, a sua oportunidade, terá nascido na sequência de um encontro realizado, em Fevereiro último, entre o papa e os bispos irlandeses.
O confinamento desta mensagem aos fiéis irlandeses é extremamente redutor para a ICAR. A Igreja católica tem pretensões de universalidade e os escândalos de pedofilia, no seu seio, alastram por todo o Mundo como uma monstruosa mancha que, todos os dias, se expande .
O próprio Bento 16 teve consciência desse facto e na última audiência pública realizada no Vaticano, no passado dia 17 de Março, tentou emendar a mão reconhecendo que essa mensagem contemplava “todos os fiéis”.
Seria melhor que essa mensagem tivesse ainda um âmbito mais vasto e tivesse a pretensão de uma divulgação universal. Isto porque a ICAR está atolada em crimes que não atingem selectivamente “fiéis” mas, num consenso global, a Humanidade.
Finalmente, as expectativas de Bento 16, relativamente ao impacto dessa “carta pastoral” - são irrealistas, para não lhe chamar utópicas.
No actual momento que a ICAR atravessa não há documentos que consigam, como deseja o papado, “ajudar no processo de arrependimento, cura e recomeço”
A situação publicamente revelada é muito mais grave. Não se tratam de meras escoriações…
As feridas causadas pelo mar de escândalos de pedofilia no seio da ICAR minam, de modo irreversível, a pretensa autoridade moral do Vaticano. O prognóstico relativamente aos danos causados não pode encaminhar-se para alucinantes expectativas de “miraculosas” curas, como deseja Bento 16. Como o povo diz – santos de casa não fazem milagres…
A evolução natural das feridas abertas no seio da ICAR e a “conta-gotas” reveladas ao Mundo (crente e não-crente), não se compadece com esperanças de hipotéticas “curas” mas, pelo contrário, a gravidade dos danos aponta para um fim cataclísmico. As "feridas" ameaçam gangrenar. Resta-lhe, portanto, em vez de cartas pastorais, proceder a cruentas amputações ou, em alternativa, surgirá a falência sistémica.
A resistência do cardeal irlandês Sean Brady em aceitar a vontade popular no sentido de demitir-se das suas funções, mostra que a hierarquia religiosa, ao mais alto nível, optou por cuidados paliativos.
Será este o conciso âmbito da anunciada carta-pastoral!
Comentários
Filipe Castro
Texas
Para o Filipe Castro lá nas terras dos cowboys, toda a minha solidariedade para com as vítimas. Já para os autores, aconselharia mesmo o velho empalanço!
Usei o neologismo (?) "empaleanço", corruptela do verbo empalear - fazer render qualquer serviço, para ganhar mais; entreter.
Nesse sentido queria dizer que a carta pastoral de B 16 aos irlandeses será o "encanar a perna à rã..."
Mas tenho de reconhecer que a ICAR, em todo o Mundo, tem andado entretida com "empalações", à boa maneira dos exércitos de Vlad, principe da Valáquia...
Para a Irlanda também servia a rábula do Conde Drácula figura descrita pelo escritor irlandês Bram Stoker...