ITÁLIA: o fim do “Risorgimento”?...
As eleições regionais na Itália foram marcadas por uma elevada taxa de abstenção, decorrente da incapacidade dos partidos políticos em promoverem o debate público da crise política, económica e social que atinge o País.
Uma situação que parece "corroer" a vertente polítca nos países da UE...
O Centro-Esquerda, nomeadamente o Partido Democrata, liderado por Dario Franceschini, mostrou-se incapaz de capitalizar o descontentamento popular, bem como os escândalos de corrupção que, há alguns anos, envolvem vários agrupamentos da Direita, com Berlusconi à cabeça.
Embora o Centro-Esquerda tenha vencido em 7 das 13 regiões em disputa, a realidade mostra que a coligação de Direita, no poder, conquistou 4 novas regiões, em relação às anteriores eleições regionais de 2005.
Todavia, a "resistência" da coligação de Direita, liderada por Berlusconi, ao impacto tradicionalmente negativo destas eleições intercalares, deve-se ao crescimento da influencia política (e eleitoral) da Liga do Norte, dirigida pelo ultra-direitista, independentista e xenófobo - Umberto Bossi.
Embora Il Cavaliere tenha cantado vitória na noite eleitoral a sua sobrevivência política está nas mãos de Bossi.
Esta alteração da relação de forças no interior da coligação governamental deverá encaminhar a Itália para um novo modelo federalista, com consequências dramáticas para a coesão e solidariedade nacionais.
A concretizarem-se as pretensões de Bossi terá lugar uma importante reviravolta na política italiana com um eventual retrocesso aos tempos anteriores ao Risorgimento, movimento político dirigido por Vítor Emanuel II que, em meados do século XIX, conseguiu unificar o Estado Italiano (então Reino).
Este previsível retrocesso ditado por gritantes assimetrias de desenvolvimento entre o Norte, Centro e Sul, poderá conduzir à fragmentação (balcanização) da actual Itália, em múltiplas Regiões… umas paupérimas e outras ricas. Todas de costas voltadas...
Deste modo, as recentes eleições regionais italianas poderão ser mais do que uma mera rotina do sistema democrático – que há largo tempo vem sendo pervertido por Berlusconi – e, assim, serem um salto qualitativo (retrógado) na História Contemporânea deste País.
Na verdade, um temerário salto no escuro…
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