CRISE: Ilhas…para saldar dívidas?

Não querendo cometer o crime de comparar a situação portuguesa com a grega (não desejo "imitar" Manuela Ferreira Leite e ser "arrasado" por Cavaco) acho pedagógico termos a noção como, na chamada locomotiva europeia, se encara a solução do problema da dívida pública grega.

Assim, não resisto a reproduzir a opinião de dois deputados que pertecem aos partidos que coligados governam a Alemanha.
São eles: Frank Schäffler, do Partido Liberal e, Josef Schlarmann, da CDU.

Os referidos parlamentares opinaram:

- “O Estado grego deve ver-se livre das suas participações em empresas e vender terrenos, como por exemplo, as suas ilhas desabitadas”… link

Não seria judicioso – antes que nos chegue alguma recomendação deste teor – solicitar uma avaliação prévia dos nossos territórios insulares "não-habitados":
- As Berlengas e as Selvagens, quanto valem no mercado neo-liberal?

Comentários

Rui Cascao disse…
É muita lata desses políticos alemães...
Mas a Grécia podia, isso sim, vender metade dos seus brinquedos bélicos e reduzir as suas sobredimensionadas forças armadas...
e-pá! disse…
Caro Rui Cascão:

Mais contundente - para a coesão da UE - é a noticia de uma pesquisa, publicada ontem na Alemanha, referenciada pela Globo on line, destacando que 84% dos alemães acham que a União Europeia não deve ajudar a Grécia a sair da crise... link
.
Graza disse…
Ia dizer aqui e pedir desculpa ao Ponte Europa pela linguagem, que não é com filhos da puta destes que alguma vez faremos a Europa, só depois leio o comentário dos 84%que confirma isso.

Valerá a pena termos sido tão bons alunos? Ou não deveríamos ter sido mais sofisticos?
Rui Cascao disse…
E-pá: eu de uma maneira geral, entendo que as pessoas, as sociedades, e os estados que tomam determinadas decisões financeiras que se revelam catastróficas devido à materialização de riscos previsíveis, não devem ser socorridas quando as coisas dão para o torto (a minha opinião vale para assados como o do BPN e do BPP). De uma forma geral, entendo que essas "salvações de última hora" contribuem para desresponsabilizar os agentes (o que se chama em jargão economicista na área dos seguros "moral hazard").

O problema suscitado pela Grécia tem contudo ramificações mais profundas: compromete a estabilidade da zona euro, sendo desejável que a solução viesse de dentro desta zona, sob pena de perda de parte da independência monetária da zona euro(no caso de por exemplo a Grécia vir a ser socorrida pelo FMI).

No entanto, parece-me que qualquer ajuda em termos de injecção de liquidez e de garantia da dívida a ser prestada, deverá ser acompanhada de acompanhamento draconiano das contas públicas gregas por parte da UE e de um compromisso sério por parte dos políticos e sociedade gregos.

É fácil para os alemães (e os outros pagadores do costume: belgas, holandeses, escandinavos) fazer demagogia quanto preço a pagar para safar os gregos e os outros "PIGS" (que porventura será menor do que a desestabilização do Euro- vejam-se as últimas cotações), levantar argumentos chauvinistas quanto à história da formiga e da cigarra, e exigir ilhas no mediterrâneo. Da mesma forma que também é fácil para os demagogos gregos acusar o exterior dos males que acometem a economia do seu país.

De qualquer forma, parece-me extremamente censurável a ausência de posição da UE nesta matéria, esperando uma solução bilateral. No fundo, a ajuda à Grécia sai mais barata do que os generosos fundos da PAC aos agricultores franceses e à rainha de Inglaterra, tendo seguramente maior efeito prático.

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