UE/EUA - notações, riscos & transparências…


A questão do poder das agências de notação financeira – as chamadas “agências de rating” - preocupa a UE desde o início da actual crise mundial.

Desde 2009 que a UE vem colocando a reforma do sistema financeiro como uma prioridade no combate à crise.
O sinal de alerta foi o total falhanço dessas agências na avaliação do Banco de Investimentos Lehman Brothers, que viria a sucumbir, em 2008, sistemicamente intoxicado pelo rebentar da “bolha imobiliária” e o consequente colapso do “mercado dos subprime”.

A Comissão Europeia chegou a propor um conjunto de medidas que contemplavam, entre outras medidas, as agências de rating e os offshores. Esta proposta suscitou, inicialmente, a atenção dos ministros das Finanças da zona Euro. Com o passar do tempo, verificou-se o recuo da maioria dos países da “Zona Euro”, deixando isolados Portugal, Espanha e Grécia. Hoje, face à situação financeira dos "países resistentes", percebe-se as razões subterrâneas desta inversão de marcha. link
Para os mercados financeiros era essencial que tudo ficasse como dantes, como se havia de verificar quando foi posto a nu o papel desempenhado pelo Banco de Investimentos Goldman Sachs, na génese da actual crise grega…

As dificuldades que a actual situação da Grécia tem colocado à UE, nomeadamente à defesa da moeda europeia face ao dólar, inscreveram, de novo, essa questão na ordem do dia.
Assim, há 3 dias, fomos surpreendidos pela notícia que os 16 países que integram a Zona Euro resolveram questionar a influência dessas agências de rating. Pretendem, estes países, criar junto do Banco Central Europeu uma agência de notação financeira europeia. link
Esta será, do modo como está a ser arquitectada e no seu enquadramento financeiro, uma medida de recurso que mostra alguma precipitação e exibe sinais de intranquilidade para os mercados. Uma agência de notação financeira europeia tem - para ser internacionalmente reconhecida - de ter uma expressão global, não podendo circunscrever-se à avaliação dos países da Zona Euro, caso contrário, caímos na velha questão do exercício simultâneo da função de jogador e árbitro.
As agências de rating mais influentes no Mundo - Fitch, Moody's e a Standard e Poors – estão sediadas nos EUA. Esta coincidência não é inocente… nem transparente.

Para ultrapassar os problemas decorrentes da imperiosa necessidade da reforma do sistema financeiro global torna-se cada vez mais evidente que a UE terá de negociar - este problema e outros que se inserem no âmbito da regulação e supervisão dos mercados financeiros - com os EUA. Enquanto “isso” não for feito, os recentes “arremedos” da UE são meras intenções… Nada mais!
E o problema não é a Grécia, ou Portugal, ou a Espanha… O verdadeiro problema será a sustentabilidade e, simultaneamente, a vulnerabilidade da moeda europeia.

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