Jaime Gama e o secretário de Estado
Não conheço o funcionamento dos parlamentos de outros países o que me impede de fazer comparações, mas sei da AR o suficiente para dizer que há excesso de rituais, para o meu gosto, e liturgias que podiam ser simplificadas.
Os Tribunais, Universidades e Forças Armadas usam cerimoniais e trajes inspirados na liturgia eclesiástica com que outrora infundiam respeito. Talvez se justifiquem e não sejam meros arcaísmos, como parecem. Talvez as próprias fórmulas usadas nas relações dentro destas instituições tenham razão de ser, embora se assemelhem demasiado ao catecismo que ensina a falar com deus de forma que ele entenda.
Na última sexta-feira assisti a um episódio na Assembleia da República que me deixou perplexo pelo tom e pelo modo como o presidente admoestou um secretário de Estado que dava a impressão de estar assaz nervoso para não precisar da forma como Jaime Gama reiteradamente o admoestou.
Enquanto o governante se levantava e se dirigia aos senhores deputados, advertiu-o de que teria de falar de pé e invectivou-o por causa da forma exigida pelo catecismo (o da AR chama-se Regimento). O secretário de Estado encalhou de novo no começo da salve-rainha regimental (Senhor Presidente, senhores deputados…), tendo-lhe saído, «senhoras e senhores deputados», o que lhe valeu nova e crispada repreensão. Quando o secretário de Estado acertou, foi ainda um Jaime Gama irado a dizer que lhe negava a palavra se não usasse a fórmula correcta.
Não discuto a liturgia nem o respeito que é devido à AR e ao seu presidente, está em causa a imagem serena criada pelo calejado democrata Jaime Gama, arruinada numa postura infeliz, a lembrar as catequistas da aldeia a ensinar a doutrina aos garotos.
Amém.
Os Tribunais, Universidades e Forças Armadas usam cerimoniais e trajes inspirados na liturgia eclesiástica com que outrora infundiam respeito. Talvez se justifiquem e não sejam meros arcaísmos, como parecem. Talvez as próprias fórmulas usadas nas relações dentro destas instituições tenham razão de ser, embora se assemelhem demasiado ao catecismo que ensina a falar com deus de forma que ele entenda.
Na última sexta-feira assisti a um episódio na Assembleia da República que me deixou perplexo pelo tom e pelo modo como o presidente admoestou um secretário de Estado que dava a impressão de estar assaz nervoso para não precisar da forma como Jaime Gama reiteradamente o admoestou.
Enquanto o governante se levantava e se dirigia aos senhores deputados, advertiu-o de que teria de falar de pé e invectivou-o por causa da forma exigida pelo catecismo (o da AR chama-se Regimento). O secretário de Estado encalhou de novo no começo da salve-rainha regimental (Senhor Presidente, senhores deputados…), tendo-lhe saído, «senhoras e senhores deputados», o que lhe valeu nova e crispada repreensão. Quando o secretário de Estado acertou, foi ainda um Jaime Gama irado a dizer que lhe negava a palavra se não usasse a fórmula correcta.
Não discuto a liturgia nem o respeito que é devido à AR e ao seu presidente, está em causa a imagem serena criada pelo calejado democrata Jaime Gama, arruinada numa postura infeliz, a lembrar as catequistas da aldeia a ensinar a doutrina aos garotos.
Amém.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
A influência da igreja é de facto muito grande no nosso país, mas a influência dessa instituição mais ou menos secreta, que junta alguns benfeitores com muitos malfeitores e autenticos padrinhos é também muito grande nos meios políticos. E tão pouco se fala da maçonaria quando tem essa influência. Porquê?
Mais parecia estar a ser "praxado", como se fosse um caloiro à porta de uma Faculdade...
Há, todavia, um pormenor que não deve ser escamoteado. O Governo - e portanto o Secretário de Estado em causa - estava, nos termos constitucionais, a prestar contas ao Parlamento, onde se sentam os eleitos pelo Povo. Não era um orador “convidado”.
Este é, para mim, o motivo pelo qual não podia (não devia) dirigir-se aos deputados sentado no seu cadeirão. Ninguém o faz, p. exº., frente a um juiz num Tribunal, por respeito ao Poder Judicial (que nem sequer é eleito!...)
De resto, a fórmula de abordagem à Câmara para ser respeitosa não precisa de restringir-se às inflexíveis e rígidas normas protocolares.
Respeitinho sim, mas flexibilidade, também...
Estudar o século das luzes é formar o carácter para a liberdadde.
Por mim, eu acho que ele tem um arzinho...