Os 4 mosqueteiros...

A crise de liderança do PSD deu azo a que o País assista, diariamente, a um digladiar de posições, que pouco (ou nada) têm a ver com as futuras linhas de orientação partidária ou ideológicas, ou com um projecto de futuro para o País mas, antes, circunscrevem-se a um repetitivo e saturante explanar de estratégias de “assalto ao poder”.

É óbvio que qualquer partido aspira a governar. Mas o trânsito entre uma postura cívica, com pedagogia política e ideologicamente fundamentada e a consequente conquista do poder, terá de ser mais límpida e mais compreensível, para afastarmos a ideia de que os partidos se preocuparem mais com a satisfação de clientelas partidárias e pouco com o interesse nacional. A corrida à liderança não se deve apoiar em situações casuísticas, pontuais, nem pode ignorar o futuro. Isto é, os candidatos devem discutir um programa de acção para o seu partido e as suas perspectivas de actuação política capazes de influenciar e/ou modificar a sociedade.

Sócrates é a sombra à volta da qual se movimentam e arquitectam todos os passos em direcção à nova liderança do PSD. Todas as intervenções manifestam um denominador comum: a queda do XVIII Governo Constitucional. As aparentes divergências – sobre os métodos - não conseguem esconder este móbil, ou esta obsessão política.
Um outro denominador comum a que – os 4 candidatos - se agarram foi a reeleição de Cavaco Silva. Todos de acordo, mesmo as mais recentes gerações que, nas entrelinhas e à revelia dos barões, tiveram a ousadia de sonhar uma ruptura com o "cavaquismo". Uma oportunista colagem, em contra-ciclo político e partidário, que inevitavelmente será varrida do PSD, arrastada pelo flop político e partidário, protagonizado pela direcção de Manuela Ferreira Leite, debaixo da sombra tutelar de Belém.

Ontem, no debate transmitido pela RTP, os quatro candidatos mais pareciam os 4 mosqueteiros (uma pobre caricatura dos exímios campeões de ténis dos anos 20) aparentemente entretidos na procura de um grande Slam, i.e., apostados em provocar uma incontrolável crise política nacional, em tempos de insustentável contracção económica e inevitável crispação social.

Nada adiantaram ao inefável espectáculo oferecido ao País durante o último Congresso de Mafra.
Ou - é melhor questionar – seria expectável que tivessem outras “coisas” para adiantar?

Comentários

ana disse…
Que triste espectáculo. São vazios, ocos, sem qualquer alternativa viável. Têm em comum o enorme desejo de assalto ao poder e um cinismo que não conseguem disfarçar. Representam muito bem aquilo em que se tornou o psd há já muitos anos - um imenso nada.
jrd disse…
Partindo do princípio que o 'Lapin' é o D'Artagnan, fica por saber se há alguém a desempenhar, secretamente, o papel de Monsieur de Treville.

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