CONGRESSO DO PS: das ilusões da Direita ao diferendo que se esboça…
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Todavia, de Braga, vieram os primeiros e ténues sinais de mudança. O espaço político do PS, nitidamente ensombrado pelos compromissos assumidos em relação à ajuda externa (Memorando de Entendimento com a UE/BCE/FMI), estreitou-se em termos de autonomia política e de capacidade de gerar propostas alternativas.
O comentário do líder do principal partido da coligação governamental de que “não viu grandes propostas no Congresso do PS” é, manifestamente, uma hipocrisia política link.
De facto, não será difícil a Passos Coelho adivinhar que para concretizar a “sua” escalada neoliberal (…ir além do Memorando) só poderá contar com as próprias forças (Centro/Direita). Esta fractura política não pode, na perspectiva de um dirigente atento e responsável, ser desvalorizada. De facto, o Congresso do PS acabou por destruir uma enviesada engenharia eleitoral usada e empolada pela Direita, isto é, cerca de 80% (!) do eleitorado (CDS+PSD+PS) apoiaria o actual “programa de governação", tivesse ele as perversões mais indignas e absurdas...
O PS não estará em condições de fazer grandes e inovadoras propostas. Mas não perdeu a oportunidade para demarcar-se, ainda que em termos genéricos, de outras.
Na realidade, A J Seguro ao afirmar que a questão da revisão constitucional (uma das bandeiras partidárias de Passos Coelho) “rompe o pacto e o consenso constitucional" em aspectos como "o equilíbrio das relações laborais ou as funções sociais do Estado” link procedeu, no concreto, à abertura de um diferendo sobre problemas políticos (e ideológicos) de fundo.
E terá sido este facto que levou o actual primeiro-ministro a apressar-se, de imediato, a tentar iludir a questão.
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