O tandem russo…
Putin e Medvedev estão, aparentemente, unidos nas suas estratégias e nas concepções do futuro político (e económico) da Rússia.
O anúncio da candidatura, em 2012, de Vladimir Putin à presidência da Federação Russa, decorrente do Congresso da formação política “Rússia Unida”, é o exemplo disso. link
A troca de cadeiras no topo da hierarquia política russa há muito que vem sendo preparada. O actual regime político russo nasce - um tanto inopinadamente - em 2000 na sequência da ascensão deste homem oriundo da KGB na estrutura de governo de Boris Ieltsin em franca decomposição política.
Tudo estava meticulosamente acordado. Primeiro, o actual presidente Dmitri Medvedev é proposto por Putin para encabeçar (mesmo sendo o presidente da Federação Russa em exercício) o partido “Rússia Unida” nas eleições parlamentares de Dezembro deste ano sob proposta de Putin. Logo de seguida, Medvedev propôs Putin como candidato, em 2012, à presidência da Federação Russa. E o Congresso da “Rússia Unida”, depois destas formalidades, na prática, terminou.
Raramente a noção de situacionismo (enquanto sinónimo de situação política dominante) pode ser aplicada com tanta propriedade. Facilmente podemos confundir esta “situação” com um teatro de marionetas.
Ora, historicamente, a Rússia sempre olhou para a Europa como uma referência. Tudo o que se passa na Europa é analisado em Moscovo com atenção. E, hoje, a Rússia observa – em primeiro plano - uma Europa desunida e deficitária em lideres políticos carismáticos e competentes. O sistema político europeu contenta-se com managers políticos controláveis por grupos económicos e financeiros. E em relação a managers, a Rússia - desde a queda do regime comunista – sempre os teve em abundância. Com uma substancial diferença. A Federação Russa desde o início da era de Putin (2000) verificou um extraordinário crescimento económico (da ordem dos 7% ao ano, excepto em 2009), a quintuplicação do comércio externo nos 10 anos à custa de um forte aumento das exportações e um aumento do rendimento per capita (2000-2010) de 2.281 para 18. 722 rublos/mês.
Na área social, p. exº., o ordenado mínimo mensal registou a seguinte variabilidade: 132 (em 2000) para 4,330 rublos (2010). link
Perante premissas deste tipo o “situacionismo”, que neste momento se impôs, sobrepõe-se a qualquer modelo de abertura e de debate democrático. A Rússia aparentemente um sistema pluripartidário está submersa pelo poderio hegemónico de um grande partido (“Rússia Unida”) que capturou o Estado.
O alongado “período de transição” permite (ainda) soluções enviesadas (dominadas por oligarquias que descobriram a economia de mercado) como a que foi gizada na Convenção do partido “Rússia Unida”.
Todavia, se a crise for mesmo global (e não exclusivamente europeia), rapidamente, concertações visando a perpetuação do poder por um grupo político, económico e financeiro, tornar-se-ão obsoletas e esta nova nomenklatura (que replicou a antiga) terá os dias contados.
O que se cozinhou nos últimos dias em Moscovo foi um “arranjo”. Qualquer semelhança com um processo democrático livre e transparente é pura coincidência.
O anúncio da candidatura, em 2012, de Vladimir Putin à presidência da Federação Russa, decorrente do Congresso da formação política “Rússia Unida”, é o exemplo disso. link
A troca de cadeiras no topo da hierarquia política russa há muito que vem sendo preparada. O actual regime político russo nasce - um tanto inopinadamente - em 2000 na sequência da ascensão deste homem oriundo da KGB na estrutura de governo de Boris Ieltsin em franca decomposição política.
Tudo estava meticulosamente acordado. Primeiro, o actual presidente Dmitri Medvedev é proposto por Putin para encabeçar (mesmo sendo o presidente da Federação Russa em exercício) o partido “Rússia Unida” nas eleições parlamentares de Dezembro deste ano sob proposta de Putin. Logo de seguida, Medvedev propôs Putin como candidato, em 2012, à presidência da Federação Russa. E o Congresso da “Rússia Unida”, depois destas formalidades, na prática, terminou.
Raramente a noção de situacionismo (enquanto sinónimo de situação política dominante) pode ser aplicada com tanta propriedade. Facilmente podemos confundir esta “situação” com um teatro de marionetas.
Ora, historicamente, a Rússia sempre olhou para a Europa como uma referência. Tudo o que se passa na Europa é analisado em Moscovo com atenção. E, hoje, a Rússia observa – em primeiro plano - uma Europa desunida e deficitária em lideres políticos carismáticos e competentes. O sistema político europeu contenta-se com managers políticos controláveis por grupos económicos e financeiros. E em relação a managers, a Rússia - desde a queda do regime comunista – sempre os teve em abundância. Com uma substancial diferença. A Federação Russa desde o início da era de Putin (2000) verificou um extraordinário crescimento económico (da ordem dos 7% ao ano, excepto em 2009), a quintuplicação do comércio externo nos 10 anos à custa de um forte aumento das exportações e um aumento do rendimento per capita (2000-2010) de 2.281 para 18. 722 rublos/mês.
Na área social, p. exº., o ordenado mínimo mensal registou a seguinte variabilidade: 132 (em 2000) para 4,330 rublos (2010). link
Perante premissas deste tipo o “situacionismo”, que neste momento se impôs, sobrepõe-se a qualquer modelo de abertura e de debate democrático. A Rússia aparentemente um sistema pluripartidário está submersa pelo poderio hegemónico de um grande partido (“Rússia Unida”) que capturou o Estado.
O alongado “período de transição” permite (ainda) soluções enviesadas (dominadas por oligarquias que descobriram a economia de mercado) como a que foi gizada na Convenção do partido “Rússia Unida”.
Todavia, se a crise for mesmo global (e não exclusivamente europeia), rapidamente, concertações visando a perpetuação do poder por um grupo político, económico e financeiro, tornar-se-ão obsoletas e esta nova nomenklatura (que replicou a antiga) terá os dias contados.
O que se cozinhou nos últimos dias em Moscovo foi um “arranjo”. Qualquer semelhança com um processo democrático livre e transparente é pura coincidência.
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