Portugal e China: a síndrome de Macau…

Macau, na Constituição de 1976 (Artº. 5.º - Território) link, foi caracterizado (definido) como um território (chinês) sob administração portuguesa, regendo-se por um estatuto especial.
O resto da história é conhecida: – Portugal devolve a 19 de Dezembro de 1999 a administração do território à China.
Doze anos após a devolução de Macau à China, somos visitados neste rectângulo ibérico por uma delegação chinesa para celebrar o contrato de compra ao Estado português de 21,35 % das acções da empresa eléctrica portuguesa (EDP), tornando-se, deste modo, o grupo accionista maioritário link.

Mas a “investida” chinesa não fica por aqui. Os chineses – que actuam concertadamente nos investimentos directos no estrangeiro – são também candidatos à privatização da REN. Mais, os chineses anunciaram que só permanecem na corrida à REN se ganhassem a corrida à privatização da EDP… link. Não será difícil para qualquer cidadão constatar que 2 empresas chave no estratégico sector energético nacional, caiem nas mãos dos chineses, no caso vertente, na alçada governamental do Império do Meio. E será despiciendo tecer considerações sobre a importância deste sector energético no séc. XXI…

Todavia, a privatização da EDP mesmo envolvendo alguns milhares de milhões de euros não chega para resolver os problemas (estruturais) de carência de investimento nos sectores económico-financeiros portugueses. Eis que o delegado do governo de Pequim (presidente da empresa compradora “Three Gorges”) e a Câmara de Comércio e Indústria Luso-chinesa anunciam: “os bancos vêm a seguir…link. E, em surdina, adiantam o interesse chinês no BCP e, mais evasivamente, no BES link. Isto é, entram - de rompante - no (debilitado e vulnerável) sector financeiro nacional…

É caso para questionar: doze anos depois do episódio de Macau vamos passar a ser um território (luso) sob administração chinesa?

Comentários

Manuel Galvão disse…
sem contar com a posição que os chineses já detêm no Porto de Sines, que indicia uma futura participação na construção do TGV de mercadorias; um tapete rolante para a penetração dos produtos chineses no centro da Europa.
A talhe de foice (mesmo sem martelo), note-se que o valor pago pelos chineses pelas acções da EDP é pouco mais do que o "buraco" da Madeira (6,3 mil milhões de euros).

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