A miragem da viragem…ou mais "cambalhotas"?
Ontem, no Parlamento, o Ministro das Finanças falou em “ponto viragem” da crise baseando-se na descida dos juros da dívida portuguesa no mercado secundário. link.
Na mesma hora em que prestava estas declarações, na AR, a Espanha é “atacada” por um dos braços desse mercado (agência de notação financeira Standard & Poor’s) que cortou o “rating” da dívida espanhola em dois níveis tornando, deste modo, o financiamento externo da 4ª economia europeia mais difícil. link.
Parecem factos absolutamente distintos. Na realidade poderão não o ser. O entrosamento da economia espanhola com a portuguesa não deve ser desvalorizado, nem ignorado. Na verdade, após a dissertação do ministro e dos seus anúncios de “viragem” começou a verificar-se um “novo” afundamento e quer os mercados bolsistas em toda a Europa, quer as “yelds” reagiram antecipadamente à (por enquanto afastada) hipótese da Espanha vir a necessitar de uma "intervenção externa" do estilo da Grécia, Irlanda e Portugal. E a situação da dívida soberana, enquanto o ministro Vítor Gaspar tecia loas à “viragem”, deteriorava-se novamente com as “yelds” a 2 anos e os juros a 10 anos a darem, mais uma vez, nova reviravolta encetando um novo ciclo de subidas. link.
Não existem quaisquer 'viragens', quando muito o Ministro das Finanças acalenta e diverte-se com 'miragens'.
A 'crise da dívida' (portuguesa e europeia) tem seguido um percurso errático e se quisermos transmitir uma imagem real, para os cidadãos, melhor seria afirmar que trilhamos um rumo: “às cambalhotas”!
A 'crise da dívida' (portuguesa e europeia) tem seguido um percurso errático e se quisermos transmitir uma imagem real, para os cidadãos, melhor seria afirmar que trilhamos um rumo: “às cambalhotas”!
A postura do Ministro das Finanças no Parlamento mostra como este Governo ao tomar a nuvem por Juno tenta iludir a brutal recessão económica que se adivinha e, pior, se avizinha, com todas as consequências políticas e sociais.
Ou, então, toda esta lengalenga, não é mais do que o navegar à vista, à espera que as coisas inopinadamente aconteçam e teremos de chegar à conclusão que as ameaças de “riscos sistémicos”e os repetidos avisos sobre “contaminação”, foram meros expedientes para “justificar” austeridade atrás de austeridade, sem qualquer sentido estratégico, de equidade e de futuro.
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