Notas soltas: março/2012
BPN – A maior burla jamais cometida em Portugal, cuja dimensão atinge valores colossais, tem escasso espaço informativo e ameaça deixar impunes os responsáveis, que exerceram altos cargos do Estado, e hipotecaram o país que tem de pagar o roubo.
Governo – A hegemonia do ministro Gaspar sobre todos os ministérios traz à memória a trágica experiência de outro ministro das Finanças que, entre 1928 e 1932, começou por controlar os vários ministérios e acabou a controlar o País.
Feriados – No próximo ano não haverá tolerância de ponto no Carnaval, o que é coerente com as decisões do Governo. Difícil é aceitar que um país laico esteja refém de uma Concordata, que só beneficia o Vaticano, e que o 5 de outubro, data emblemática deste regime, seja extinto por quem não tem memória, cultura ou vergonha.
Rússia – A prevista vitória de Putin lembra as peculiares eleições da ditadura fascista portuguesa. A falsificação dos resultados e a ausência de fiscalização foram uma constante até ao dia em que o ditador preferiu acabar com elas.
Espanha – A condenação de Baltasar Garzón, o mais corajoso juiz espanhol, deixou felizes os franquistas empedernidos mas provocou o veemente repúdio de juristas de numerosos países e a consternação dos descendentes das vítimas assassinadas.
PR – A inédita acusação de deslealdade a um ex-primeiro-ministro, feita no exercício do cargo, foi uma nódoa de quem já praticou uma colossal deslealdade com a acusação das "escutas" a Belém, próxima das eleições legislativas de 2009.
Associação Sindical de Juízes – A existência do exótico sindicato não conduzirá a uma associação homóloga de deputados mas a sua partidarização põe em causa a independência dos tribunais e o futuro da democracia.
Congresso do Ministério Público – O patrocínio de bancos e de uma companhia de seguros ao congresso, promovido pelo sindicato, denigre a imagem de independência que os magistrados têm a estrita obrigação de defender.
Greve Geral – O uso desproporcionado da repressão policial recordou uma conduta ignorada nos últimos 38 anos. Os trabalhadores sofrem o desemprego, a fome e o medo. A repressão das autoridades, que incluiu jornalistas, foi injusta e gratuita.
PSD – Como é hábito em qualquer partido que esteja no governo, o congresso não trouxe novidades ou surpresas. O discurso final de Passos Coelho mostrou apreensão com o desemprego mas, infelizmente, foi omisso em soluções para o flagelo.
PS – Talvez a margem de manobra não seja grande mas a oposição, necessária em democracia, é algo que não se vê. A agravar a depressão generalizada encontra-se a falta de propostas alternativas ao sofrimento que nos impõem, «custe o que custar».
Teixeira dos Santos – Não foi a falta de competência do ministro das Finanças do Governo PS que o impediu de ser nomeado administrador da PT, foi o veto de Paulo Portas, o mais reacionário e poderoso ministro do atual Governo.
Justiça – A ministra tem uma incontida apetência para se colar ao poder judicial na guerrilha partidária, aberta pelos politizados sindicatos dos magistrados, criando um perigoso precedente na independência dos órgãos da soberania. Vai por mau caminho.
Vaticano – A visita do Papa ao México, a uma semana das eleições legislativas, não foi uma pura viagem pastoral, foi uma clara ingerência na luta partidária destinada a favorecer os conservadores e a atacar a laicidade do Estado.
França – As crenças são detonadoras do ódio. O muçulmano que assassinou sete pessoas, em Toulouse, Mohammed Merah, movido pelo racismo, lamentou não ter matado mais crianças judias. Era um demente intoxicado pelo Corão, a sonhar com o Paraíso.
Portugal – Oitocentos mil desempregados, 300 mil sem subsídio, são o caldo de cultura que transforma o desespero de muitos na angústia de todos. As consequências são imprevisíveis e ameaçam tornar-se incontroláveis.
Paulo Portas – Num país em que se investiga a vida privada dos políticos, causa estranheza a impunidade do ex-ministro da Defesa que, antes de deixar as funções, tinha fotocopiado 60 mil paginas, nas quais alegadamente estariam segredos de Estado.
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