Uma incómoda amnésia, adivinhadora de ‘dias maus’…
Passos Coelho perdeu a noção do calendário. Uma inquietante desorientação temporal.
Hoje na AR o 1º. Ministro foi assaltado por múltiplas dúvidas e entrou em divagações metafísicas recusando exibir preposições “adivinhatórias”. Melhor seria qualificá-las de ”abjuratórias”.
Não sabe ao certo quando Portugal regressará aos mercados (a data taxativa de Vítor Gaspar -23.09.2013 - passou a indicativa) e a reposição dos subsídios de Férias e Natal aos FP, pensionistas e aposentados foi postergada para as calendas gregas depois de variados anúncios (primeiro seriam 2 anos, depois esticou até ao fim do programa de ajustamento e agora simplesmente não faz “vaticínios”). Refere vagamente que será “o mais célere possível”… link. Faz lembrar aquele dirigente desportivo que dizia: "prognósticos só depois do jogo!"
Toda esta nebulosa vacuidade e imprecisão é um sintoma muito preocupante. Na verdade mostra um governo à deriva que vai apagando incêndios aqui e acolá, à boleia do mais confrangedores imprevistos e conforme sopra o vento. Os grandes indicadores socioeconómicos (emprego e crescimento económico) degradam-se dia a dia.
A tábua de salvação a que se agarra o Governo é uma ténue descida das taxas de juros no financiamento a curto prazo nos mercados que inopinadamente terá alimentado ilusões. O governo sabe que isso é sol de pouca dura. Esta descida está intimamente relacionada com o disparar de financiamento do BCE aos bancos portugueses no mês de Março que atingiu os 56,3 mil milhões de euros link. Uma cifra recorde. Interessaria saber quem, de facto, foi ao mercado comprar Obrigações de Tesouro portuguesas. Não vale a pena avançar com palpites. Deste boom de financiamento beneficiaram vários países europeus com problemas da dívida soberana, nomeadamente, a Itália e a Espanha. As recentes taxas de juros praticadas em relação à última ida de Espanha aos mercados mostram que o “efeito BCE” está a esvaziar-se. Esperemos pelas próximas emissões de dívida pública portuguesa.
Resta, ainda, outro cavalo de batalha: as exportações. Segundo o Boletim Económico de Primavera do Banco de Portugal as exportações vão sofrer um “abrandamento acentuado” em 2012 link. Cautelosas previsões. Na verdade, as exportações vão cair entre 2011 e final de 2012 de 7,4% para 2,7 %. Não se trata propriamente de um “abrandamento” mas antes de uma ameaça de colapso.
Perante este quadro negro como não perder as referências temporais e começar a odiar datas. Até porque – se não for antes! – não vai ser possível adiar 2015. Ano em todas as datas, todos os compromissos, todas as promessas serão avaliadas. Sem apelo nem agravo.
Comentários
Mas as mentiras trazem sempre consequências...
Vai ter de engoli-las. O Mal é de quem vai sofrendo na pele, todos os dias, a porcalhice da política.